terça-feira, 3 de dezembro de 2013
sábado, 16 de novembro de 2013
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
quarta-feira, 15 de maio de 2013
O CORPO
O CORPO
O corpo é textura,
é silêncio que fala
quando a boca cala.
O corpo é lago,
é penumbra...
no compasso flutua,
em estreitos se entrega.
O peito que arfa acende o céu
da boca que se abre no prazer
de ser eterna e doce:
inteiramente fogo
enquanto riso.
As mãos desmancham-se em toques,
retoques de ternura,
na procura do ventre que cresce
entre o teu compasso e o meu.
Basilina Pereira
O corpo é textura,
é silêncio que fala
quando a boca cala.
O corpo é lago,
é penumbra...
no compasso flutua,
em estreitos se entrega.
O peito que arfa acende o céu
da boca que se abre no prazer
de ser eterna e doce:
inteiramente fogo
enquanto riso.
As mãos desmancham-se em toques,
retoques de ternura,
na procura do ventre que cresce
entre o teu compasso e o meu.
Basilina Pereira
FRENTE E VERSO
FRENTE E VERSO
Só são palavras
que aderem devagar e sem rumor.
Quem desconhece esse poder está isento,
só vê no espelho a mesma pele
que esconde cicatrizes antigas,
submersas em seu casulo.
São só palavras...palavras...
Frente e verso de um rosário
que define o excesso do que falta.
Seu eco por vezes volta,
mas não extingue a solidão.
A dor vem do espinho fincado na cortina
que esconde as mágoas
e só eu sei do retrocesso...
do tempo que não cura a ferida
e dessa angústia que ergue colunas.
Basilina Pereira
Só são palavras
que aderem devagar e sem rumor.
Quem desconhece esse poder está isento,
só vê no espelho a mesma pele
que esconde cicatrizes antigas,
submersas em seu casulo.
São só palavras...palavras...
Frente e verso de um rosário
que define o excesso do que falta.
Seu eco por vezes volta,
mas não extingue a solidão.
A dor vem do espinho fincado na cortina
que esconde as mágoas
e só eu sei do retrocesso...
do tempo que não cura a ferida
e dessa angústia que ergue colunas.
Basilina Pereira
segunda-feira, 13 de maio de 2013
ADIVINHAÇÃO
Foi um vulcão encimado na distância.
Sem toque.
Sem calor.
Só a visão turvada pelo desejo,
aquela ânsia avessa
por delírios. Adivinhação.
Se teu toque tem carícias de veludo ninguém diz,
mas eu arrisco minha rede em águas fundas.
A incerteza tem seu tanto
de loucura - mais.
Basilina Pereira
NADA A DECLARAR
NADA A DECLARAR
Já não sei quantos amores habitei.
Alguns fixaram-se na parede
feito o gato da minha infância
que descobriu um buraco no assoalho
para assoprar o meu sono
e se aquecer...se aquecer.
Depois, alguns outros...
como os lábios que molhavam minha espera,
na provocação do néctar e do arrepio.
Velas ao vento.
Oscilam entre a dúvida e a esperança: presas fáceis,
uma a uma de qualquer vento forasteiro.
E por fim - um asteróide
que abriu um buraco no tempo
e só.
Nada mais a declarar.
Basilina Pereira
Já não sei quantos amores habitei.
Alguns fixaram-se na parede
feito o gato da minha infância
que descobriu um buraco no assoalho
para assoprar o meu sono
e se aquecer...se aquecer.
Depois, alguns outros...
como os lábios que molhavam minha espera,
na provocação do néctar e do arrepio.
Velas ao vento.
Oscilam entre a dúvida e a esperança: presas fáceis,
uma a uma de qualquer vento forasteiro.
E por fim - um asteróide
que abriu um buraco no tempo
e só.
Nada mais a declarar.
Basilina Pereira
quarta-feira, 8 de maio de 2013
POEMA SURREAL
POEMA SURREAL
Se imagino o outro lado?
É claro que não,
mas ele me instiga, às vezes!
É quando eu sinto o sangue correr,
mesmo congelado.
Vejo todas as cores se vestindo de gris
e uma paisagem surreal
dança por entre os arbustos,
enquanto um coro de anjos
balança as folhas do tempo.
Entre o sim e o não eu me pergunto:
onde está o amor
que um dia uniu seu corpo à minha alma?
Basilina Pereira
Se imagino o outro lado?
É claro que não,
mas ele me instiga, às vezes!
É quando eu sinto o sangue correr,
mesmo congelado.
Vejo todas as cores se vestindo de gris
e uma paisagem surreal
dança por entre os arbustos,
enquanto um coro de anjos
balança as folhas do tempo.
Entre o sim e o não eu me pergunto:
onde está o amor
que um dia uniu seu corpo à minha alma?
Basilina Pereira
terça-feira, 7 de maio de 2013
POR UM TRIZ
segunda-feira, 6 de maio de 2013
GESTUAIS
A cada manhã me levanto
e, feito uma sombra,
percorro o espaço
entre o meu chinelo e o seu.
Um pequeno toque
e a distância de que preciso
abre-se em constelações.
Passos se sucedem, gestos
e silêncios.
A rotina inibe a fala
e esta, por sua vez,
cultiva a inércia,
onde já não brotam surpresas.
Pelos cantos do dia,
o chamado mudo da noite
e cada vez mais
a distância se bifurca.
Basilina Pereira
AJUSTE
domingo, 5 de maio de 2013
DESCARTE
O QUE SE VÊ NA TV
O QUE SE VÊ NA TV
Vejo um grito passando
ouço um cheiro de passos,
sinto corações vazados, exangues,
transmutados em montanhas de pedras
como se abrigassem sentimentos cor de ossos.
Estremeço.
Percebo que as árvores se vestem de neve
e a verdade sangra como um embrulho rasgado.
A janela me exibe uma cortina de chuva,
e é tudo que me foi entregue pela tarde.
Estou em frente à televisão e sorrisos famintos,
gritam palavras pesadas
que estalam feito cascatas de chumbo.
Assustada, penso no vento, tão leve, tão livre,
mas só há uma pechincha de brisa
e uma sala cheia de perguntas:
todas sobre o mesmo torpor
que sobrevoa o noticiário
Basilina Pereira
Vejo um grito passando
ouço um cheiro de passos,
sinto corações vazados, exangues,
transmutados em montanhas de pedras
como se abrigassem sentimentos cor de ossos.
Estremeço.
Percebo que as árvores se vestem de neve
e a verdade sangra como um embrulho rasgado.
A janela me exibe uma cortina de chuva,
e é tudo que me foi entregue pela tarde.
Estou em frente à televisão e sorrisos famintos,
gritam palavras pesadas
que estalam feito cascatas de chumbo.
Assustada, penso no vento, tão leve, tão livre,
mas só há uma pechincha de brisa
e uma sala cheia de perguntas:
todas sobre o mesmo torpor
que sobrevoa o noticiário
Basilina Pereira
sábado, 4 de maio de 2013
POEMA PROTESTO
POEMA PROTESTO
Eu sou a vazão:
poesia protesto
chamada à razão
nas linhas do verso.
Posso conter rimas
Cruzadas, ou não,
contanto que o ímã
não caia no chão.
Digo não à violência
bandido e ladrão
do pobre à Excelência
- não à corrupção!
Censura aos impostos,
além dos limites
todos em seus postos
apurem o palpite:
Limar certo e bem
o dinheiro do povo,
pois muitos não têm
a chance de novo.
Se este é meu eco
que chegue bem longe,
pois não sou boneco
nem veste de monge.
Exijo respeito,
trabalho e saúde,
escola, bom leito
e quem sempre ajude
de fato a pobreza,
a miséria ofende
que fique a certeza
da chama que acende.
Aquela que alcança
a fé dos Senhores,
a vida, a esperança
em dias melhores.
Basilina Pereira
Eu sou a vazão:
poesia protesto
chamada à razão
nas linhas do verso.
Posso conter rimas
Cruzadas, ou não,
contanto que o ímã
não caia no chão.
Digo não à violência
bandido e ladrão
do pobre à Excelência
- não à corrupção!
Censura aos impostos,
além dos limites
todos em seus postos
apurem o palpite:
Limar certo e bem
o dinheiro do povo,
pois muitos não têm
a chance de novo.
Se este é meu eco
que chegue bem longe,
pois não sou boneco
nem veste de monge.
Exijo respeito,
trabalho e saúde,
escola, bom leito
e quem sempre ajude
de fato a pobreza,
a miséria ofende
que fique a certeza
da chama que acende.
Aquela que alcança
a fé dos Senhores,
a vida, a esperança
em dias melhores.
Basilina Pereira
quinta-feira, 2 de maio de 2013
POEMETOS
POEMETOS
I
Tentar prever o poema
é ter a alma pequena
quando o verso é pensado
a emoção vira de lado.
II
Sou água da fonte
fagulha no vento
pergunto ao monte
onde está o momento.
III
Passei por aqui.
Vi nuvens,
vi pássaros,
lágrimas em cachoeiras,
mas poucas e raras
emoções verdadeiras.
Basilina Pereira
I
Tentar prever o poema
é ter a alma pequena
quando o verso é pensado
a emoção vira de lado.
II
Sou água da fonte
fagulha no vento
pergunto ao monte
onde está o momento.
III
Passei por aqui.
Vi nuvens,
vi pássaros,
lágrimas em cachoeiras,
mas poucas e raras
emoções verdadeiras.
Basilina Pereira
segunda-feira, 22 de abril de 2013
CATA-VENTO
LETRA PARTIDA
Qual o meu tempo na poesia?
Confesso aqui: não sei,
e asseguro que tentei,
mas era dia
de antigos itinerários:
calvários
dos parnasianos,
tantos fulanos
mal vestidos,
bem versados,
contando rimas poéticas,
estéticas.
Depois achei o que seria(?)
a poesia simbolista
vendendo a alma do artista
metafísica e musicada
em troca do símbolo (pleno)
na forma de Cruz e cisne – (pequeno).
Não me achei no calendário
desta poética lunar
não cantei com os modernistas
nem vi Tarsila do Amaral,
Bandeira foi pra Passárgada
com os sapos no carnaval.
Mas onde,céus, me coloco
com todo meu sentimento?
não quero me ver em “concreto”,
terei caráter social?
poesia-práxis é invenção
de um certo poema processo
que surgiu na marginal
com seu aspecto precário.
Busco de frente e de lado
e permaneço perdida
meu poema? não tem dado
é letra solta, partida.
Basilina Pereira
domingo, 21 de abril de 2013
GRADES
GRADES
Ainda que de contramão
quero libertar-me
de tantas incertezas.
Lanço meu apelo inexorável
sobre o vórtice desse abismo
que me habita...
sou um poço sem fundo
sulcando em direção à palavra,
aquela que transcende.
Fujo da penumbra do verso,
fico na dúvida entre
a rima e a não-rima,
que uma me espreita e a outra me chama.
Persigo o vocábulo preciso
que não se define nem se explica,
apenas capta a essência do instante.
E assim oscilo, exponho-me
para que o poema germine.
Basilina Pereira
Ainda que de contramão
quero libertar-me
de tantas incertezas.
Lanço meu apelo inexorável
sobre o vórtice desse abismo
que me habita...
sou um poço sem fundo
sulcando em direção à palavra,
aquela que transcende.
Fujo da penumbra do verso,
fico na dúvida entre
a rima e a não-rima,
que uma me espreita e a outra me chama.
Persigo o vocábulo preciso
que não se define nem se explica,
apenas capta a essência do instante.
E assim oscilo, exponho-me
para que o poema germine.
Basilina Pereira
sábado, 20 de abril de 2013
O PESO
O PESO
Outro dia, ouvi que a felicidade pesa.
Discordo.
Não são arroubos nem veemências
que garantem um pôr de sol alaranjado,
nem ousadias que modulam o canto do sabiá.
A felicidade é uma harpa a entoar o acorde certo,
na justa medida do possível:
sem excesso ou carência.
São tantas coisas pequenas:
(um encontro, uma lua, uma alvorada,
um abraço, uma rosa, uma palavra...)
e a gente encontrou a sorte,
bem aqui: em tudo...em nada.
Basilina Pereira
PALAVRAS AMENAS
Talvez o canto que ouço
seja incapaz de jorrar
luzes sobre a minha vida
que quer palavras amenas
pra a humanidade ferida.
Há uma aleia de silêncio
sobre o hálito da noite.
Das estrelas descem jorros
que mais parecem açoite.
São tantas portas fechadas,
nem o vento tem passagem.
Bem que as flores reverberam
tal qual noite de luar,
mas elas são só aragem,
há muito chão pra limar.
Ainda quero palavras
que quebrem todas as mágoas
e digam que é bom amar.
Basilina Pereira
sexta-feira, 19 de abril de 2013
A PROCURA
A PROCURA
Procuro um amor assim:
na medida do meu ser
que olhe fundo pra mim
sem a intenção de esconder
suas fraquezas e medos,
seu carinho de menino,
sua paixão, seu segredo,
mesmo quando em desatino.
Não precisa ser perfeito
de onde vem não me diz nada,
basta que venha com jeito
até o coração da amada.
Procuro um amor-entrega,
um viver em sintonia,
com a esperança que nega
o que não seja alegria.
Que queira estar bem com a vida,
braços prontos pra acolher,
mãos sinceras pra guarida,
... apto ao que der e vier.
Que queira subir o monte,
ver o sol amanhecer,
não tema pular da ponte
pra salvar o anoitecer.
Se alguém souber de algo assim,
avise o meu coração
que já vislumbra o seu fim
na mais total solidão.
Basilina Pereira
quarta-feira, 17 de abril de 2013
EMANAÇÕES
Tenho desejos de esculpir a tua alma,
retirar toda a aridez fragmentária,
até restar apenas uma luz aveludada:
emanações do teu olhar.
Dessa experiência,
moldarei meu próprio íntimo
e então terei herdado a tua aura
e a tua essência,
assim como quem tira
o sumo das palavras.
Basilina Pereira
EPIGRAMA SEM FORMA
terça-feira, 16 de abril de 2013
BRENHAS
BRENHAS
Andei, andei, devagar
depois apertei o passo
queria logo avistar
o outro lado do poço.
Andei, andei, mais depressa
com medo da ventania
transpus pântanos,florestas
e não vi o novo dia.
Andei, andei e corri
nas brumas próprias do escuro
e em algum lugar me perdi
entre o passado e o futuro.
Vislumbrei sombras alheias
que a minha luz era utopia,
senti meus rios nas veias
em caudais de maré fria.
Andei, corri, me embrenhei
em busca de alma recíproca,
mas digo que só encontrei
parco afeto, em dose pouca.
Basilina Pereira
Andei, andei, devagar
depois apertei o passo
queria logo avistar
o outro lado do poço.
Andei, andei, mais depressa
com medo da ventania
transpus pântanos,florestas
e não vi o novo dia.
Andei, andei e corri
nas brumas próprias do escuro
e em algum lugar me perdi
entre o passado e o futuro.
Vislumbrei sombras alheias
que a minha luz era utopia,
senti meus rios nas veias
em caudais de maré fria.
Andei, corri, me embrenhei
em busca de alma recíproca,
mas digo que só encontrei
parco afeto, em dose pouca.
Basilina Pereira
SUFOCO
domingo, 14 de abril de 2013
ESPERANDO A PRIMAVERA
Esperei o novo dia
como sempre eu já fazia:
ali, sentada sobre a relva,
sentindo o cheiro da terra.
A chuva encharcou meus dedos
entre os assombros e os medos,
o vento, por fim, soprou
e nenhuma estrela brilhou.
Eu fiquei ali sozinha
com a dor que era só minha
e por meus olhos de silêncio
lágrimas molharam um lenço.
Chorei ausências e mágoas
querendo a luz na gota d’água.
-É pedir muito, primavera,
ser de novo o canto que eu era?
Basilina Pereira
sábado, 13 de abril de 2013
HORIZONTE
HORIZONTE
O horizonte sempre é
desafio, inquietação...
No poente tenho fé,
pois abre a imaginação.
É um canto de cotovia,
um crepúsculo em arrebol,
um arrepio na montanha
que aplaude o pôr-do-sol.
E cada estrela desperta
Traz um brilho diferente,
é a síntese maior da festa,
um motivo à nossa frente.
Basilina Pereira
O horizonte sempre é
desafio, inquietação...
No poente tenho fé,
pois abre a imaginação.
É um canto de cotovia,
um crepúsculo em arrebol,
um arrepio na montanha
que aplaude o pôr-do-sol.
E cada estrela desperta
Traz um brilho diferente,
é a síntese maior da festa,
um motivo à nossa frente.
Basilina Pereira
CANÇÃO PARA CECÍLIA
CANÇÃO PARA CECÍLIA
Mergulhei no teu poema,
bem fundo, pra resgatar
o teu sonho do navio
que puseste a naufragar.
Depois sequei tuas mãos
molhadas de águas do mar,
senti as ondas voltando
para os teus dedos beijar.
E o vento vindo de longe
cobriu a noite e o vazio
gritou que estava morrendo
um sonho dentro de um navio.
Então pedi para o vento
se acalmar, fazer um ninho,
pra que o sonho naufragado
voltasse à tona sozinho
e nadasse até a praia
pra ver a beleza que existe,
pois um poema tão lindo
não merece um final triste.
Basilina Pereira
Mergulhei no teu poema,
bem fundo, pra resgatar
o teu sonho do navio
que puseste a naufragar.
Depois sequei tuas mãos
molhadas de águas do mar,
senti as ondas voltando
para os teus dedos beijar.
E o vento vindo de longe
cobriu a noite e o vazio
gritou que estava morrendo
um sonho dentro de um navio.
Então pedi para o vento
se acalmar, fazer um ninho,
pra que o sonho naufragado
voltasse à tona sozinho
e nadasse até a praia
pra ver a beleza que existe,
pois um poema tão lindo
não merece um final triste.
Basilina Pereira
sexta-feira, 12 de abril de 2013
O CANTO
O CANTO
Há um pássaro que canta
todas as manhãs no meu quintal
e o seu cantar assim me encanta
pois nunca ouvi outro igual.
É um trinado longo, singular:
sereno, mágico, perfeito...
tem um ritmo modulado, angular
feito as batidas do coração no peito.
Outro dia procurei-o
no alto da mangueira, um lugar falho...
cheguei mais perto e o avistei
cantando acima, num galho.
Fiquei ali, quase em transe, extasiada...
Ele cantou e voou, sem despedida,
foi um momento daqueles que a nada
se compara, só mesmo à vida.
Basilina Pereira
Há um pássaro que canta
todas as manhãs no meu quintal
e o seu cantar assim me encanta
pois nunca ouvi outro igual.
É um trinado longo, singular:
sereno, mágico, perfeito...
tem um ritmo modulado, angular
feito as batidas do coração no peito.
Outro dia procurei-o
no alto da mangueira, um lugar falho...
cheguei mais perto e o avistei
cantando acima, num galho.
Fiquei ali, quase em transe, extasiada...
Ele cantou e voou, sem despedida,
foi um momento daqueles que a nada
se compara, só mesmo à vida.
Basilina Pereira
terça-feira, 9 de abril de 2013
ROMARIA
Não sei por onde
busco morada
só vejo o longe
e a madrugada.
Há um caminho
preso no vento
estou sozinho
em pensamento.
A noite esvai-se
não minha dor,
silêncio cai
e apaga a flor
que antes dormia
sono poético
além poesia
de rima e verso.
E assim eu sigo
por noite e dia
palavras tiro:
... boca vazia.
Sombra vai só
com a outra face
que espelha o nó:
no seu disfarce
da romaria...
seu passo lento
levou o dia
meu sentimento.
Basilina Pereira
NOITE
Minha noite confunde-se com o oceano.
O silêncio que se esconde em meus olhos
camufla os vagalhões submersos
que se agigantam em ondas colossais.
Angústia, solidão, mágoa,
anseios, medos e dúvidas...
são as cores que cintilam entre as marolas
e se espalham com a maresia.
Lá no alto, as estrelas me desafiam
em apelos quase suicidas
por conta de um brilho antigo,
quase extinto...
que não sei mais onde guardei.
Entre as horas, minha seiva reluta.
Há um cálice mudo,
molhado ainda de amor
e um vento sutil a murmurar
que os sonhos navegam no escuro
e não deixam rastros na areia.
Basilina Pereira
segunda-feira, 8 de abril de 2013
RAZÃO E SENSIBILIDADE
A razão viaja num tempo
em que as pequenas flores
ficaram diluídas na memória,
sem néctar e sem abelhas.
Voz da razão,
onde está sua sensibilidade
pra ver com olhos de criança,
com o encanto da inocência,
onde todas as possibilidades
jorram de um brilho no olhar?
Basilina Pereira
PREVISÃO DO TEMPO
PREVISÃO DO TEMPO
Hoje o meu coração amanheceu com cheiro de chuva.
Olhando pela janela vejo nuvens furta-cores
e sinto um vento brando sussurrando magnólias,
enquanto o orvalho sinaliza:
não importa a estação!
No ar: prenúncio de tempo bom
lá pros lados da emoção.
À minha frente, a estrada nova
diz que vida é este instante...
Quanto vive a borboleta?
Acaso é menos fascinante?
Na memória sopra a brisa
salva o amor que ainda desliza
e atrás vem a saudade.
Abro os braços num sorriso
é tudo de que preciso
pra que o sol volte a brilhar.
Basilina Pereira
sábado, 6 de abril de 2013
PRIMAVERAS
PRIMAVERAS
Mais um aniversário.
Que mais posso desejar neste dia?
Acordo com uma orquestra de pássaros,
Abro a janela e muitas orquídeas me sorriem
com seu colorido sempre único
e algumas até me presenteiam com seu perfume.
A minha alma cultiva sorrisos
num universo que, em amor, delimitei:
minha família, meus amigos e a poesia.
Paro e penso...
A primavera se aproxima e já contei muitas delas
nem todas belas, mas vivi e ultrapassei.
Hoje sei que, se a brisa nos acaricia pela manhã,
é porque escolhemos deixar as janelas abertas.
Sempre há riscos: rajadas mais fortes,
redemoinhos e até tufões,
mas os perigos são o molde
por onde a lua brilha e a vida
faz valer o caminho.
Basilina Pereira
Mais um aniversário.
Que mais posso desejar neste dia?
Acordo com uma orquestra de pássaros,
Abro a janela e muitas orquídeas me sorriem
com seu colorido sempre único
e algumas até me presenteiam com seu perfume.
A minha alma cultiva sorrisos
num universo que, em amor, delimitei:
minha família, meus amigos e a poesia.
Paro e penso...
A primavera se aproxima e já contei muitas delas
nem todas belas, mas vivi e ultrapassei.
Hoje sei que, se a brisa nos acaricia pela manhã,
é porque escolhemos deixar as janelas abertas.
Sempre há riscos: rajadas mais fortes,
redemoinhos e até tufões,
mas os perigos são o molde
por onde a lua brilha e a vida
faz valer o caminho.
Basilina Pereira
IMPROVISO
segunda-feira, 1 de abril de 2013
DESCONCERTO
Procuro meu lugar no tempo
fui de ontem
sou de hoje
... de amanhã?
Busco meu lugar no espaço
aqui
lá
acolá?
Leio poetas antigos,
viajo, aprendo, ensino,
sigo o risco do destino
que não é outro, desde então.
Pesco poetas modernos
na sua ânsia hodierna, são tantos:
perdidos, sofridos, atônitos...
O mundo inteiro me desconcerta
e esta vida é muito instável.
De inevitável, só a morte
e os impostos, por ora!
Basilina Pereira
quarta-feira, 27 de março de 2013
RANHURAS
Olho para esta tela desbotada
e me pergunto onde foram parar as cores
que já brilharam ao encanto do sol
em tonalidades soberanas e lúdicas
como qualquer aquarela tropical?
Do tom cobre, resta um leve dourado,
quando os olhos castanhos voltam
de sua jornada reminiscente....
O verde desfez-se na esperança
que,cansada, esmaeceu em saudades.
O azul, o amarelo e o lilás
perderam-se nas vertentes,
sucumbiram-se às ausências,
desfizeram-se em prantos e desencantos.
Hoje tento avivar esses tons pastéis
que o tempo modelou em minha alma.
A tela exibe ranhuras
e há cicatrizes na moldura,
mas resta um suave tom de rosa
resíduo silencioso que restou de uma canção.
Basilina Pereira
POEMETO DO CAMINH
segunda-feira, 25 de março de 2013
EU SÓ QUERIA DIZER
Eu só queria dizer que te amei
e se quiseres saber por quê? não sei.
Não perguntes aos ponteiros do relógio
por que ele gira em maratona sem pódio.
Vendo a noite grudada na parede
bebi teu hálito em frenesi de sede
e contando estrelas até o amanhecer
pintei a vida, o amor que eu queria ter.
Amei-te entre a harmonia e o descompasso
palmilhei cada centímetro deste laço
que prendeu minha afeição: prisão perpétua,
fez meu coração girar como um atleta
enquanto a tarde martelava no vazio...
- Por que resisto a esse sopro tão frio?
Porque o amor, em si, não sabe a hora
de fechar a porta e ir embora.
Basilina Pereira
ORAÇÃO DO POETA
Senhor da prosa e do verso,
que este poeta disperso,
possa percorrer o mundo
do céu aos vales profundos,
levando pra toda gente
seu canto vivo e ardente
impregnado de carinho
feito arremate de ninho.
Que sua palavra vibrante
vá além de um só instante
do impacto emocional,
pois ela existe, afinal,
pra bordar o dom da vida,
amenizar as feridas,
com sua mensagem de fogo.
Lembrar que as regras do jogo
são simples questão de escolha,
é o vento esperando a folha.
Senhor da rima (im)perfeita,
eu sei bem: não há receita,
mas acolhe em mansidão
esta súplice oração
que eu possa inverter as cores,
encher a alma de amores,
lavrar o solo infecundo,
levar esperança ao mundo,
vasculhar o chão dormente,
só pra adubar a semente
e espalhar na ventania
todo o encanto da poesia.
Basilina Pereira
EPIGRAMA SEM NEXO
EPIGRAMA SEM NEXO
Levanto todo dia
olho pela janela
e canto
para uma ave perdida.
Ela deverá perceber
que, em cada nota,
exumo a minha paixão.
Basilina Pereira
sábado, 16 de março de 2013
Fênix
FÊNIX
Hoje o cansaço me ronda
quer até me ver assim:
plantando grumos de fel
para adubar o jardim.
Ele não sabe que a noite
traz junto um
mata-borrão,
pra apagar ventos
infestos,
a dor, o medo e a traição.
E basta um dedo de lua,
uma janela e um
travesseiro
que a fênix renasce,
pronta,
vai dezembro... vem
janeiro.
Basilina Pereira
OLHA-ME
OLHA-ME
Olha-me pela fresta da
luz
que enxergarás um barco à
vela
meio tombado
à deriva da esperança.
Olha-me pelo reflexo do
espelho
e terás a trajetória do
universo
onde as cores não têm
fronteiras
e meus olhos desafiam a
imensidão.
Olha-me...
por detrás da máscara dos
anos
e verás ainda a menina
incrustada na parede do
teu coração
de mármore.
Basilina Pereira
sexta-feira, 15 de março de 2013
SONHOS AZUIS
SONHOS AZUIS
Anoiteço em pensamentos.
Ouço o barulho incansável
das horas
em sua tediosa trajetória
onde o fim da linha é
sempre o ponto de partida.
Rejeito esse paradigma
linear.
Quero dormir no balanço
das ondas
e me cobrir com o brilho
das estrelas.
Minha alma quer sonhos
azuis com barbatanas douradas
e muita, muita amplidão.
No infinito: o voo dos
pássaros e eu.
Basilina Pereira
terça-feira, 12 de março de 2013
quarta-feira, 6 de março de 2013
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
POEMETO DE LUZ II
POEMETO DE LUZ II
Corais, anêmonas, cantai!
que o tempo ainda vige
e a noite conserva o brilho do sol.
As cores permanecem morenas
e os homens ainda se apaixonam.
Cantai, que o mundo é sábio...
Vem o verão
e derrete os fantasmas
e conserva as pétalas
e proclama o império
da luz, em um sorriso.
Basilina Pereira
domingo, 17 de fevereiro de 2013
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
ABISMO DE MIM
ABISMO DE MIM
Planto meus sonhos na tarde.
A noite me sussurra segredos
e me presenteia com estrelas.
Só o vento permanece calado.
Talvez porque não haja amores
para acariciar
ou as cicatrizes se mostrem tão profundas
como o abismo de mim mesma
que eu tento, tento...
e não consigo transpor.
Basilina Pereira
domingo, 3 de fevereiro de 2013
IMAGEM
De que me servem as tardes serenas,
com tantos pássaros em cantoria,
cheiro de brisa que me sopra, amena,
se a lágrima brota e escorre, fria?
Parece até dor de pensamento
que remete a um tempo insepulto
e sempre volta a qualquer momento
travestida na miragem do seu vulto.
Como um náufrago, me vejo, num instante,
querendo o brilho da estrela cadente
pra fugir dessa imagem constante
tatuada e viva no arquivo da mente.
São ecos de um amor que foi real
como é o vento, a pedra e a água fria
e, de repente, volta feito vendaval
e só acalma no remanso da poesia.
Basilina Pereira
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
DESAFIANDO A GRAMÁTICA
enquanto a gramática dita
suas regras bem descritas
vem o verbo irregular
com seu modo singular
e quebra toda a sequência
do prefixo à desinência
tudo fica bem confuso:
a ortografia, a semântica,
lembra até física quântica
no seu duo fé e razão
como se escreve sessão(seção?)
pontuo a frase no fim?
e se não for bem assim?
devo me centrar no verso?
não quero poema disperso
vou cavar o sentimento
captar todo o momento
de beleza e de emoção
e onde fica a oração?
hoje eu prefiro a magia
à noite ou à luz do dia
e a gramática, quem diria?
vai se render à poesia
Basilina Pereira
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
PALCO
PALCO
O amor é uma quimera
ou algo que cabe na mão?
Muitos nascem destinados
a viver de ilusão,
andam por praias desertas
mergulham na escuridão,
procuram peixes na areia,
frutas fora da estação.
Mas há os que colhem flores
não importa o inverno ou verão
nem quantas pedras leva o rio,
se está livre o coração
pra dançar com a lua cheia
e espantar a solidão,
amar até que toque o sino
e apague com um beijo o vulcão
que a vida sem sonho é nada,
é palco sem emoção.
Basilina Pereira
domingo, 27 de janeiro de 2013
CAPRICHOS DA VIDA
Segue tua estrada torta,
ó vida, além da porta
existe um mar de caprichos
em arabescos, em nichos,
só perdendo pra esperança,
tamanhos os fios que ela trança
nesta floresta habitada
por surpresas e mais nada.
À frente, sol e poeira
são tuas rotas verdadeiras
no deserto do destino.
Aqui chegaste, menino,
cantaste a canção do mundo,
mas um silêncio profundo
tirou o brilho do encanto
e sequer secou-te o pranto.
E o amor com que sonhaste
pegou da luz o contraste
e, sem ver, jogou-o ao vento
que turvou teu pensamento.
Certas coisas ninguém nota
é felicidade remota
bem camuflada na história
e no silêncio da memória.
Basilina Pereira
Assinar:
Postagens (Atom)