sexta-feira, 25 de setembro de 2015

OS MESES



OS MESES

Os ventos que sopram janeiro
têm ainda muitos meses para acordar.
Alguns mais rápidos e festivos,
outros entregues às chuvas e ao vento.
Cada um com seu estilo
segue o ritual das estações.
Quero desfolhar todos eles
até alcançar dezembro,
desde que eu possa resumir agosto
e ampliar as flores de setembro.

Basilina Pereira

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

TARDE




TARDE

A tarde está tão quente!
Nem uma folha se mexe,
como se o calor derretesse o balanço da brisa
e o olhar escancarado do poeta
ansiasse por uma gota de orvalho
e se pusesse a vagar,
devagar,
a espera de que o canto do sabiá
autorize o abrir das comportas
e a chuva desça sobre os nossos sonhos,
às vezes simples,
às vezes medonhos.
Tarde, tarde...
a primavera há de chegar.

Basilina Pereira

terça-feira, 22 de setembro de 2015

O PÊNDULO CEGO
O ventre sangra pela raiz.
Quando se semeia a vida,
é para sempre que se planta a esperança,
mesmo sabendo que a vida é um pêndulo cego
que oscila no escuro do caminho.
O que brota do amor deveria ter garantias,
sobreviver contra e a favor dos ventos
que latejam no fundo das pálpebras.
Gerar a vida expõe a alma
que continua a doer
toda vez que uma cicatriz é arranhada
por palavras que não cabem no poema.
Quando a lâmpada do amor
não garante a luz do sentimento,
há perigo na estrada: as curvas menos prováveis
podem ser engolidas pelas tempestades.

Basilina Pereira

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

METÁFORA



METÁFORA

A tarde se recompõe.
A manhã foi de calor e vento
no reino das folhas.
O azul dorme em meus olhos
e a paisagem, resumida,
recorda-me sons antigos
e odores já quase esquecidos.
Pelo vão da janela,
invoco uma metáfora:
que ela me traga um verso
com cheiro de chuva,
as cores do crepúsculo
e o sorriso de uma estrela.

Basilina Pereira


terça-feira, 8 de setembro de 2015

AS SEMENTES

AS SEMENTES

Os pensamentos são sementes de palavras.
Alguns proliferam:
ganham coragem e voam.
Outros...morrem num olhar.


Basilina Pereira

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

QUE VENHA



QUE VENHA!

Que venha a primavera,
meu coração está florido.
Já limei pedra de rio
e do limo fiz as cores,
já passei susto nos grilos
e em seus olhos só vi luz.
Nas asas do beija-flor
pensei plantar meu sorriso
quem sabe nasce uma música
ou um poema de luz?

Basilina Pereira