sexta-feira, 26 de junho de 2009

TRIBUTO A VÊNUS

TRIBUTO A VÊNUS
O que se faz
quando um fluxo maior que via
decide que é hora da ebulição?
Nem a tarde
com todas as promessas de brisa
é capaz de silenciar o apelo
da fruta que explode em cor
Num convite sensual e abrasante.
Longe ficou o exílio e suas mágoas
e o peito declara que é inaugurada
a hora abissal...
em que o tempo deve parar
para que os corpos, embriagados,
prestem seu tributo a Vênus.
Basilina Pereira

DISFARCE

O amor que valeu nunca morre,
ele até se recolhe
a um estado de latência inofensiva
e permanece obscuro
por quanto tempo durarem as estações.
Mas toda vez que uma música
ou um fato especial
acionar a corda da memória
surgirá um nó infesto na garganta
e um gosto de lágima
a rondar os olhos
pronto a revolver o tempo
tão longe...tão perto e igual.
Como se o sentimento remoto
tivesse vencido as agruras do caminho
e, por disfarce, ficado apenas adormecido
no entreposto da saudade.
Basilina Pereira

terça-feira, 9 de junho de 2009

O QUE RESTOU Remexendo numa velha caixa encontrei um pedacinho do passado: dobrada numa flor estilizada uma folha amarela simples – ela – a carta que não mandei por que mesmo? Já não sei. Só me recordo de outras tantas perfumadas, desenhadas, sempre com o mesmo sinal combinado, bem do lado, símbolo daquele amor. Mas o que não partiu, chegou por outra folha de igual teor... tantos anos, a saudade e o que restou de uma flor. Basilina Pereira
MEU ACERVO
Até já ouvi dizer que sou bonita, será? Com que olhos me apreciam com que siso me avaliam aqueles que só no espelho conseguem alcançar meu brilho? Há bem mais por sob a lente que nem todo olhar de ave é capaz de perceber. Só a refração do sentimento, aquele que emerge das perdas silenciosas e se consolida na quietude do tempo, é capaz de revelar a verdadeira beleza que cultivo em meu acervo.
Basilina Pereira