sábado, 22 de dezembro de 2007

DESPEDIDA

DESPEDIDA Se “há o tempo de plantar e o tempo de colher”, há uma vida pra lembrar do que se quer esquecer. O coração tem seu momento além do chão e da vida resta-nos tão-só o alento e um sabor de despedida.
Basilina Pereira

sábado, 8 de dezembro de 2007

ENCANTAMENTO

ENCANTAMENTO Cedo ou tarde, não importa o que vale é abrir a porta, preparar o coração e desatar a emoção e um palco de céu azul, cascatas de norte a sul eternizarão o momento em que emerge o encantamento. Não se trata de utopia tampouco sonho ou magia é simples feito criança e existe além da esperança. Basta apenas um olhar daqueles: sem medo de amar que está feita a descoberta bem perto e na hora certa. Basilina Pereira

sábado, 17 de novembro de 2007

CANTO NA NOITE Ouço um canto, desatento, não sei bem de onde vem parece triste, um lamento um consolo pra ninguém. Penso na voz que me acorda em plena noite de luar nas mágoas que ela transborda como o silêncio a gritar. Devolvo a canção pro vento, espalho perguntas no ar quem manda no sentimento que faz o outro chorar? Espero a resposta da noite e da manhã que vai chegar quem sabe um golpe, um açoite e a sorte pode mudar? Muda o tempo, o poço é fundo há tantas pedras pra pisar só acho as voltas do mundo e um ponto longe pra chegar. Basilina Pereira

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

QUISERA

QUISERA Quisera te encontrar na primavera num crepúsculo casual feito quimera e seguir de mãos dadas pelos campos, evocando perto e longe os pirilampos. Sorver as sensações doces e quentes que percorrem a alma, corpo e mente, quando a paixão explode em tarde calma colher o fruto que nasceu da palma. Quisera te seguir nas tardes tortas, abrir janelas e fechar as portas, quando o verão acende os poros, confiante, e ser tua gueixa, concubina, eterna amante. Secar tuas lágrimas com a luz do luar, ser o teu fogo até o inverno passar, tocar a harpa, se te sentir triste e descobrir que o outono não existe. Quisera viver contigo toda a vida com a simplicidade complicada e esquecida dos amantes que valsaram à luz do dia sobre as rimas e o encanto da poesia.
Basilina Pereira

domingo, 11 de novembro de 2007

EMOÇÃO

EMOÇÃO Como barrar uma emoção quando um caudal transpõe a barreira da lucidez e fruições infinitas transbordam por olhos indefesos, embriaguez. Diante da paixão, todos os sentimentos são tolos. Feito aves de arribação, voa, célere, a sensatez Com requintes de frenesi, perdem-se os nossos sentimentos, mais uma vez, feito ondas de aluvião e à mercê do deus Termo[1], disparam impulsos errantes até o limite da turgidez. Indecifráveis caminhos percorrem os nossos neurônios guiados somente pelo impulso,ou pela magia, talvez. Basilina Pereira [1] Na mitologia romana, deus que protegia os limites, representado por um grande marco de pedra.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

RETRATOS Esmaecida no fundo da memória a lembrança pálida do primeiro amor, são fragmentos de uma velha história que um dia encheu minha taça de flor. Real e contundente emerge outra imagem que em solidão errante me fez companhia, áspero amor, que escoltou minha viagem e só a lua restou por fantasia. Após a chuva e um coração partido, feito um relâmpago surge a ilusão eis que vislumbro no instante devido sinais temerosos de uma nova paixão. Como o vento norte que não tem barreiras outra breve miragem vejo em minha vida sem rosto, sem alma e de qualquer maneira, mal chega, desliza e já é a partida. Percebo, adiante, qual ferro em brasa, o vulto do amor que veio e passou, não sem antes me levar as asas que a onda indócil da desilusão ceifou. No outro canto há um lugar vazio dos momentos poucos que não pude colar trago-os na lembrança como o saldo frio de uma ausência viva e de muito esperar. Tento, ao final, definir a imagem que a vida me deu e o tempo esculpiu o espelho reflete emoção e coragem no rosto que amou, viveu e sentiu. Basilina Pereira

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

O GRITO Pasma a criança à frente do Universo, sente o instante em que seguir é tudo, qual o teu canto, em mundo tão disperso? Na foz do eco não vale ficar mudo. O acaso é a dança onde tentar se impõe, um novo passo é preciso criar, cada caminho é único, outro não dispõe da estrada certa pra vida passar. Cada flor colhida manchará os vales com cinzas mortas, dispersas no além, galhos famintos cobertos por xales em tons diversos chorarão também. O vento seco que ruge adiante quer a vereda, a canção e o verso, haverá sinais, estrela brilhante pra indicar na terra o destino certo? Cada resposta não será pra todos, importa mais se ousei e vivi, finca no topo o teu mastro de fogo e grita ao mundo: eu estive aqui! Basilina Pereira

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A ORQUÍDEA Diz certa lenda chinesa que uma jovem de rara beleza amava com toda a emoção um moço de bom coração. Quando um feitiço cruel sobre esse amor se abateu um deles chorou de dor e o outro tornou-se flor. Surge a orquídea, que beleza, sem querer, mas é certeza, pra viver eternamente ao lado de seu amante. Suas cores, seu perfume têm nuances de amor e ciúme desafiam qualquer aquarela porque são sempre mais belas. Só mesmo pela magia, sob o luar ou à luz do dia, explica-se todo o encanto dessa flor deslumbramento.
Basilina Pereira

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

ERA UMA VEZ... Era uma vez...em algum lugar... Clima de mistério no ar. Razão? Nenhuma que esconda nem emoção que revele mais: magia, detalhes tão infrenes ou motivos tão perenes de um novo dia... a chegada do sinal:óbvio, latente, acelerando as pulsações. A sensatez fugiu pro monte, o desejo saltou da ponte e a profecia se cumpriu. Naquela noite, um olhar trouxe a lua cheia, e um sorriso nidificou na areia. O vento passou silente pela janela pra não quebrar o encanto:luz de velas. A flor indecisa exibiu seu manto e o encanto escalou a cascata, pra afagar os corações em serenata. Basilina Pereira

sábado, 27 de outubro de 2007

O TEMPLO DO POETA O templo do poeta é a promessa de um novo dia, é o pulsar das emoções , mesmo com a alma vazia. Pela fúria das estrofes e pela indulgência das rimas navega em águas revoltas, se preciso rio-acima. Seus versos não desabrocham em calmos bancos de areia quer sua musa humana, mas com nuances de sereia. Tentando a frase perfeita, arrisca prazer e dor a espera que o pôr–do-sol junte os destroços do amor. Com um dedo de esperança, persegue ventos, monções, traz a palavra concreta que traduz as sensações de estar em plena busca, ser o barco e ser o porto, viver na sombra das ostras e só brilhar depois de morto. Basilina pPreira

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Sem Volta

SEM VOLTA São tantas mudanças, tantos vestígios, que o tempo impõe à alma e à face... A moldura esmaece, o quadro claro escurece e não há tinta para restaurar a dor. O olhar já não brilha ao entardecer e o sorriso perdeu a mística do encanto. De muitas veredas não se consegue voltar.
Basilina Pereira

Ideologia

IDEOLOGIA Sei que penso, não sei se existo. Se não existo, lamento o grande amor que não vivi; os mares que não cruzei; os medos que não senti; os sonhos que não plantei... Basilina Pereira

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

MOTIVO

MOTIVO Disseram que nada é tudo, eu digo que tudo é nada, se não existe um propósito, se não raia a madrugada. Só ela traz novo dia com bordados de manhã pra cobrir a fantasia, alento de mente sã. No passo, a quase certeza da procura ancestral, que se contesta, e se afirma, seja no bem ou no mal. É sempre um ponto obscuro que nos instiga a seguir, no horizonte há um futuro todo pronto pra florir desde que haja motivo, crença forte, pé no chão, não há melhor incentivo que um olho fixo e a mão. Basilina Pereira

domingo, 21 de outubro de 2007

FENDAS

FENDAS Peles enrugadas passam perto da janela, assim como cabelos brancos e olhos sem vela. Revelam, nos passos incertos, o peso dos anos, quem sabe fendas na alma e muitos enganos. Quantos sonhos esmagados, convicção versuta, percorrendo os mesmos umbrais, mentes matutas perdidas na teia de sua própria miopia. Como matar a sede se a bilha esta vazia? Onde foram parar o viço e a esperança que um dia enfeitaram o riso criança e pontilharam de certeza os passos que hoje vagam sem saída, sem regaço... Nas fotos amarelecidas, o registro da história, fragmentos de um desafio ainda na memória, mas o trote não foi maior que a marcha e nem sempre o que o outro perde a gente acha. No passo incerto, muitas perguntas e pouco tempo pra deixar a bengala e restaurar o sentimento, pra lembrar que a vida é mariposa, é improviso. Saudades...de quê mesmo? de um sorriso.
Basilina Pereira

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

UM DIA QUALQUER

UM DIA QUALQUER Quantos tropeços nossos pés suportam... Um dia qualquer perguntarão por que existem as pedras no caminho e por que na frente não vão foice e ancinho, tornando a caminhada mais leve? Quanto peso nossos ombros suportam... Um dia qualquer sentirão os reflexos e o fardo das horas vertidas no cântaro de muitas demoras, que o deserto remoto converte em sede. Quantas coisas nos fogem das mãos... Um dia qualquer buscarão a âncora para prender os sonhos numa felicidade lícita, sem sobressaltos medonhos, querendo apenas ouvir a Traviata de Verdi. Quanta amargura nosso coração consente... Um dia qualquer abrirá as comportas e expulsará as lamúrias pendentes e tortas porque sua dor chegou ao limite e a vida pede mais que um corpo na rede. Quanto coisa ainda se enxerga pelo avesso... Um dia qualquer quero reinventar a roda, fazer o amor entrar de novo na moda porque é tão mais fácil alimentar o bem, num dia qualquer e no outro também.
Basilina Pereira

sábado, 13 de outubro de 2007

TUA IMAGEM A tarde me pergunta pelas horas que passo pensando em ti. Sem resposta, perdi a conta... Justamente porque me perco na sombra das horas, esperando que o verso da poesia me inspire outra coisa e que a tua imagem vá embora.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

ROTEIRO Meu roteiro é este instante. A nuvem de hoje não volta, mesmo que o vento persista em sua fúria interior, só vinga, além do círculo do olhar, a espessura da escuridão. Ninguém é completo... Por isso busco na estrutura do momento as banalidades que enfeitam o cotidiano e tento ignorar os deboches, que se disfarçam, na fantasia das manhãs sem ritmo. A febre continua a me ofuscar com sua estrela que tem como cio o ápice da primavera, aquela sensação inatingível, que se busca no clímax do silêncio. Quantos grilhões ainda por quebrar... O guindaste tem a força do ferro para vencer a moral que graça nos quintais, rente aos telhados, e os dedos têm a sutileza das pontas a roçar os seios, sem saber onde expandir (pra dentro ou pra fora?)... A alma se rende à inquietude: perguntas sem respostas, anseios que não se mostram... tudo demasiado humano. E os passos, na poeira, seguirão em busca do mistério, tentando driblar aquela ansiedade que destrói o dia e espera por um novo sol.
Basilina Pereira

terça-feira, 9 de outubro de 2007

SENTIMENTOS

SENTIMENTOS A chuva jorrou seu pranto, a lua se escondeu num canto. Lá fora, verdeja o vento Cá dentro, os sentimentos: a vida transborda em mim como um princípio sem fim; a morte é surpresa certa, só espera a hora deserta; o sonho alimenta as asas, tinge de mistério as casas; a esperança é recomeço tributo que não tem preço; o amor é promessa bela, traz a cor e pinta a tela; na mágoa esconde-se o medo, abismo e todo o segredo; o tédio de longe vi, Ah! mas esse não senti! Basilina Pereira

A TELA

A TELA O sol se ergue devagar, será pelo silêncio da noite? deixa quebrar. Quer pintar a manhã com suas facetas douradas e colorir as minúsculas gotículas orvalhadas que denunciam o sereno da noite. Até as geleiras, senhoras do branco e dos séculos, deixam cair suas lágrimas azuis, solidárias, testemunhas de uma prece lendária que submerge e ecoa com a vida. Alheio ao som do universo está o homem. Faz de conta que não percebe o sentimento do mundo, envolto no desencontro de almas aflitas, pisando duro sobre a ansiedade que grita por pão, por uma mão... amiga, mas quem é que liga? Olhos não querem ver que a grama brota raquítica onde falhou o amor, quem disse que um belo jardim não ameniza a dor? Carne, carne, carne fraca... A mente é forte, mas não sabe, ignora que os contrastes formam o intrincado jogo em que as peças estão dispostas na ordem exata da compreensão e da escolha, mas nem sempre se acha a tinta certa quando a tela está em branco. Basilina Pereira
INSÔNIA De repente, é madrugada. O galo canta macio e o coração não diz nada. O sono se perdeu no vazio das promessas que ouvi e cansei de catalogar no infinito de minhas certezas pueris. Já não sei em que acredito, sigo debatendo-me no porto onde todas as embarcações dormem e só eu fujo do ponto cego da noite de onde escorrem meus cabelos soltos, como caídos de nuvens disformes, à espera de que o sono volte. Basilina Pereira

AMIGOS

AMIGOS Vocês salpicam o meu painel de estrelas, acenam com o lenço da chegada pra suavizar a partida, fazem-me lembrar que o canto não só rima com encanto, mas dissipa mágoas, adoça a vida. Nesse estreito que se chama caminho não se consegue avançar sozinho nem aplaudir o ato com um dedo só, são pequenas alegrias e momentos, gestos suaves, divisão do sentimento, que ultrapassam o limite da bondade e constroem, gota a gota, a felicidade. Basilina Pereira

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

O ELO

O ELO Do que preciso nesta rota caminhada presa no tempo, se é poente ou madrugada? Em luz ou sombra meu destino é adejar por fantasias, como um pêndulo a bailar. A espada pende onde goteja a esperança, são muros loucos que desafiam a bonança: pequena trégua, senda por onde caminho. Onde está Pégaso? quero encontrá-lo sozinho pra indagar sobre o infindável mistério: qual o meu elo nesta corrente do etéreo, onde me encaixo na intumescência da vida? Se basta o ópio ou é mais ampla a ferida que tange o corpo nesse compasso de espera e faz da luz uma esfinge de quimera. Basilina Pereira
VESTÍGIOS A tarde entra pela janela. Reflexos úmidos acompanham a brisa que instiga devaneios e se perdem entre os parcos receios de uma mente tagarela. Entrego-me à divagação... Refaço o percurso, nos campos, nos palcos: percebo fissuras nas velhas molduras que tentaram resistir ao cansaço, o velho novelo já não prende o laço, foi corroído pelo nó cego. A gangorra oscila entre a fraqueza e o poder, fios de uma mesma meada, nuances de quase nada, que, hoje, desnudam o ponto em que a magia se perdeu. Como são cruéis as lembranças: voltam, mesmo se apagadas e fogem...as desejadas. São sensações demasiado humanas, envoltas na ousadia improvável do esquecimento, poço sem fundo,de onde ressurgem, com outra roupagem, vestígios transmutados de uma alegria que a estrela da tarde não levou. Basilina Pereira
SENTINELAS Banco da praça depois do passeio, na vertigem da tarde que cai, sobem as ruas e as avenidas descem pra ver os amantes, que vão na frente. Atrás, uma cortina de segredos. A censura segue por último, como um velho pastor a velar por ovelhas indefesas que, em bando, buscam miragem em sua cálida inocência. O roteiro é mutante, inútil disfarce pra quem baila na volúpia do primeiro amor, sentimentos instáveis, ardentes...receios? nenhum o anseio é constante, a magia, real: os encontros furtivos,olhos nos olhos querendo mais... Os dedos se tocam em arrepio, é o tempo que desmaia. Foram muitas as testemunhas que velaram esses encontros: esquinas, portas, varandas e janelas, que até hoje permanecem mudas, como sentinelas. Basilina Pereira

Medo de Amar

MEDO DE AMAR Quando o sol se vai fica a certeza do amanhecer, mas a ausência do amor perdido deixa um lapso, um não-querer capaz de ignorar a aurora e tudo o mais que venha a ser. É tanto medo, travestido, camuflado, invertido, só num canto, esquecido, nem quebranto mina mais a alegria que o pavor – de um novo amor, de um novo dia. Mas a mesma onda que leva no balanço é a que traz novos ventos, novas flores e, às vezes, surpresas mais. Quem sabe num chão de abril... ...um botão de edelvais?

domingo, 7 de outubro de 2007

Nuances de Primavera

NUANCES DE PRIMAVERA Antevendo a primavera, os pássaros fazem seus ninhos, lançam gorjeios , esperam, não querem cantar sozinhos. No calor que se agiganta, os ipês põem ouro em pó, com acordes na garganta, canta livre o chororó. O vento brinca nas folhas da mangueira em floração, o sabão se torna bolhas que bailam com a emoção. Os jardins, antes sem lume, desabrocham em aquarelas vários tons, muitos perfumes, novas flores nas janelas. A chuva oblíqua da tarde traz a calma, lava o manto, na manhã que o céu invade não há lugar para o pranto. E toda a vida se agita só há romance no ar tudo é belo - a alma grita - no céu, na terra e no mar. Basilina Pereira

sábado, 29 de setembro de 2007

O MOMENTO

O MOMENTO ...e o mundo inteiro gira a espera do momento em que a abelha regressa, trazendo a promessa: metamorfose. -Vai nessa! É o que diz o adolescente ao amigo carente, que espera um olhar de promessa da menina travessa. -Vai...vai...nessa... É tudo tão empolgante e só basta aquele instante pra desfazer a agonia da espera ou do fracasso, eterno descompasso, entre a tristeza e a alegria. É a vez, é a hora, é agora ganhar ou perder, chegar e fazer do instante a sua trama, o mistério sem drama, o momento pelo qual o mundo inteiro gira.

A Fernando de Noronha

Fez-se aqui a morada da beleza Entre o mar, os rochedos e a areia cintilante Reinam o encanto e a harmonia, com certeza Na intimidade que se desnuda, provocante A brisa faz brotar a inspiração Nada é igual ao que se tinha em mente Do mar a ilha se ergue, em devoção O sol, como súdito, beija a areia quente Da terra, é o oceano que matiza a vista E faz do mar, a poesia, sua morada Nas profundezas, a vida explode , com fulgor O céu, com as estrelas, em seu espelho vêm mirar Reino encantado do golfinho rotador O único da espécie aqui está Nas águas transparentes, nada é menos que esplendor Humbral do paraíso onde a lua vem mirar Antes, agora e depois sua melhor definição é amor.

UTOPIA

Por que sinto este anseio por luz como um lamento mudo do sol ou estrela apagada, que só reluz nas brumas volantes de um denso arrebol? Tenho a alma cheia de noite num céu de agosto, áspero e veloz com manchas sonoras de tons agridoce em sonho distante _ tristeza sem voz. Busco o cheiro do trigo em noite de lua, o calor dos teus olhos nas entrelinhas do céu, e o beijo roubado num canto da rua é o sonho escondido. Que caia o véu! Se o amor que busquei é pura utopia, por que me embalaram com essa verdade? que a manhã traga então a névoa fria e a noite desvende toda a eternidade.