Vejo um grito passando
ouço um cheiro de passos,
sinto corações vazados, exangues,
transmutados em montanhas de pedras
como se abrigassem sentimentos cor de ossos.
Estremeço.
Percebo que as árvores se vestem de neve
e a verdade sangra como um embrulho rasgado.
A janela me exibe uma cortina de chuva,
e é tudo que me foi entregue pela tarde.
Estou em frente à televisão e sorrisos famintos,
gritam palavras pesadas
que estalam feito cascatas de chumbo.
Assustada, penso no vento, tão leve, tão livre,
mas só há uma pechincha de brisa
e uma sala cheia de perguntas:
todas sobre o mesmo torpor
que sobrevoa o noticiário
Basilina Pereira
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