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De que me servem as tardes serenas,
com tantos pássaros em cantoria,
cheiro de brisa que me sopra, amena,
se a lágrima brota e escorre, fria?
Parece até dor de pensamento
que remete a um tempo insepulto
e sempre volta a qualquer momento
travestida na miragem do seu vulto.
Como um náufrago, me vejo, num instante,
querendo o brilho da estrela cadente
pra fugir dessa imagem constante
tatuada e viva no arquivo da mente.
São ecos de um amor que foi real
como é o vento, a pedra e a água fria
e, de repente, volta feito vendaval
e só acalma no remanso da poesia.
Basilina Pereira
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