sexta-feira, 24 de junho de 2016

SONETO MÁGICO




SONETO MÁGICO

O amor faz poesia entre lençóis
e baila terno na leveza de outro corpo,
desata os fios que poderiam ser nós
e, repente, eis a flor em laço solto.

Na penumbra de uma noite sem segredo,
duas bocas numa só voam sem pressa
um sorriso em cada asa vence o medo:
é a magia que só colhe o que interessa.

Gestos brandos oscilam no vão da hora
o tempo é arco, anteparo contra o vento,
voando baixo, sem pressa de ir embora.

Querem prender e eternizar o momento
pois na vida vale menos o que está fora,
fica a magia que envolve do sentimento.

Basilina Pereira


segunda-feira, 13 de junho de 2016

VERSOS AZUIS



VERSOS AZUIS

A palavra roubou a cor e sorriu.
Em seu voo azul
o pássaro arqueou as asas, conivente,
e fechou seus olhos cheios de nuvem.
No beiral da tarde,
o silêncio se enfeita receber as estrelas,
o mais é poesia.

Basilina Pereira

sábado, 11 de junho de 2016

ASSIM É O AMOR



ASSIM É O AMOR

Sentimento atemporal:
viceja entre o passo e a respiração,
qual partícula aveludada
que se desprende do som
para embrulhar a palavra
com a película do sorriso.
Assim é o amor:
tange a vida com o sopro da emoção
e faz girar suas engrenagens
à revelia de tudo que faz sentido.
Toda linguagem, no contexto, é tola.
Só a chama direciona o verso
à foz do poema
e cinzela tudo que um dia foi nada.

Basilina Pereira

quinta-feira, 9 de junho de 2016

AGENDA




AGENDA

Abrir a página na data certa,
pensar, organizar,
e não esquecer de anotar.
Óbvio? Você que pensa!
Já quitei contas no meio da noite
e descobri no mês seguinte
que teria de pagar em dobro.
Ver os e-mails, que a modernidade chegou,
responder, deletar, anotar de novo.
Pasmem! Esqueci de escrever o poema matinal
e o dia não começa sem ele.
Vamos lá: sobre o quê falarei hoje?
Parece que já escrevi sobre tudo!
Mas não! ! A poesia é como o sereno
pode cair sobre a relva mais seca
que produz o milagre da renovação.

Basilina Pereira

terça-feira, 7 de junho de 2016

PERCEPÇÃO





PERCEPÇÃO

A sina da tarde é acender o crepúsculo,
bordar o horizonte de cores
e formar imagens tão inéditas
que a custo acreditamos.
Há quem se materialize em passante
alheio a qualquer matiz
e só colhe o escuro da noite.
Mas quem ainda tem nos olhos,
a lente que capta o infinito
há de ver e sentir
que cada dia é um novo poema.

Basilina Pereira