quarta-feira, 27 de março de 2013

RANHURAS


RANHURAS

Olho para esta tela desbotada
e me pergunto onde foram parar as cores
que já brilharam ao encanto do sol
em tonalidades soberanas e lúdicas
como qualquer aquarela tropical?
Do tom cobre, resta um leve dourado,
quando os olhos castanhos voltam
de sua jornada reminiscente....
O verde desfez-se na esperança
que,cansada, esmaeceu em saudades.
O azul, o amarelo e o lilás
perderam-se nas vertentes,
sucumbiram-se às ausências,
desfizeram-se em prantos e desencantos.
Hoje tento avivar esses tons pastéis
que o tempo modelou em minha alma.
A tela exibe ranhuras
e há cicatrizes na moldura,
mas resta um suave tom de rosa
resíduo silencioso que restou de uma canção.

Basilina Pereira

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