quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O QUE DIZ O SILÊNCIO

O QUE DIZ O SILÊNCIO

No vértice da palavra ...
a ausência do som é o nó
que trava o sentimento.
A flâmula que se debate ao vento
risca o espaço, quer atravessar a fenda,
embrulha o tempo e, ainda assim,
só o relâmpago de um olhar acuado,
que devora o momento de um só gole.
Tudo está ali e nada se pode ver.
A vontade embebida em gestos contidos
é a folha que o medo engoliu.
E a pedra, que não está no meio do caminho,
mas solta à margem do penhasco. 


Basilina Pereira

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

E DEPOIS?


E DEPOIS?

Hoje, meu desejo é desencantar estrelas,
acender as luzes reais,
quebrar todas as regras
e desembaraçar quantos galhos
embarguem o canto dos pássaros.
Não entendo o obstáculo que se funda
em si mesmo,
a visão imediata e única,
desfalcada do depois.
Sinto falta de um além
de uma certeza remota que nos mostre
como reconhecer a fagulha
que vento nenhum pode apagar?
 
Basilina Pereira

domingo, 6 de dezembro de 2015

A ESMO



A ESMO

I
Voar no escuro
contra e a favor do vento
depois tentar entender
o que isso significa.
II
Se ao espremer as palavras
o suco sair deformado
- nada de pânico -
volto ao ponto de partida.
III
Escrevo no ritmo das pulsações,
se vier o verso, colho.
Gosto de viver perigosamente.
IV
Como tudo começou?
Numa noite de vendaval:
o medo era tanto
e a escolha foi acender a luz.

Basilina Pereira