segunda-feira, 18 de agosto de 2014


DESCUIDO 

Procuro uma embalagem para a minha alma.

Se eu a encontrar hoje,

pode ser do tamanho pequeno

porque ela está bem minguada.

Normalmente esbanja robustez e saúde,

acredita nas vozes de perto e de longe,

nos sorrisos que brotam em meio à neblina

e até nas coisas que não fazem sentido.

Como é bom acreditar!

Pensar que o sol vai retornar amanhã

e a porta do coração deve estar sempre aberta

para os pássaros que procuram abrigo.

Talvez eu tenha subestimado o vento que açoita por dentro

e imaginado que ali fosse um compartimento seguro

onde a dor física não conseguisse chegar.

Por isso deixei as chaves brincando na chuva,

não troquei o segredo das distâncias

mais um descuido...um lapso

de uma vida alagada por grandes perguntas. 

Basilina Pereira

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