VESTÍGIOS
A tarde entra pela janela.
Reflexos úmidos acompanham a brisa
que instiga devaneios
e se perdem entre os parcos receios
de uma mente tagarela.
Entrego-me à divagação...
Refaço o percurso, nos campos, nos palcos:
percebo fissuras nas velhas molduras
que tentaram resistir ao cansaço,
o velho novelo já não prende o laço,
foi corroído pelo nó cego.
A gangorra oscila entre a fraqueza e o poder,
fios de uma mesma meada,
nuances de quase nada,
que, hoje, desnudam o ponto
em que a magia se perdeu.
Como são cruéis as lembranças:
voltam, mesmo se apagadas
e fogem...as desejadas.
São sensações demasiado humanas,
envoltas na ousadia improvável do esquecimento,
poço sem fundo,de onde ressurgem,
com outra roupagem, vestígios transmutados
de uma alegria que a estrela da tarde não levou.
Basilina Pereira
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