terça-feira, 9 de outubro de 2007

A TELA

A TELA O sol se ergue devagar, será pelo silêncio da noite? deixa quebrar. Quer pintar a manhã com suas facetas douradas e colorir as minúsculas gotículas orvalhadas que denunciam o sereno da noite. Até as geleiras, senhoras do branco e dos séculos, deixam cair suas lágrimas azuis, solidárias, testemunhas de uma prece lendária que submerge e ecoa com a vida. Alheio ao som do universo está o homem. Faz de conta que não percebe o sentimento do mundo, envolto no desencontro de almas aflitas, pisando duro sobre a ansiedade que grita por pão, por uma mão... amiga, mas quem é que liga? Olhos não querem ver que a grama brota raquítica onde falhou o amor, quem disse que um belo jardim não ameniza a dor? Carne, carne, carne fraca... A mente é forte, mas não sabe, ignora que os contrastes formam o intrincado jogo em que as peças estão dispostas na ordem exata da compreensão e da escolha, mas nem sempre se acha a tinta certa quando a tela está em branco. Basilina Pereira

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