FENDAS
Peles enrugadas passam perto da janela,
assim como cabelos brancos e olhos sem vela.
Revelam, nos passos incertos, o peso dos anos,
quem sabe fendas na alma e muitos enganos.
Quantos sonhos esmagados, convicção versuta,
percorrendo os mesmos umbrais, mentes matutas
perdidas na teia de sua própria miopia.
Como matar a sede se a bilha esta vazia?
Onde foram parar o viço e a esperança
que um dia enfeitaram o riso criança
e pontilharam de certeza os passos
que hoje vagam sem saída, sem regaço...
Nas fotos amarelecidas, o registro da história,
fragmentos de um desafio ainda na memória,
mas o trote não foi maior que a marcha
e nem sempre o que o outro perde a gente acha.
No passo incerto, muitas perguntas e pouco tempo
pra deixar a bengala e restaurar o sentimento,
pra lembrar que a vida é mariposa, é improviso.
Saudades...de quê mesmo? de um sorriso.
Basilina Pereira
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