O GRITO
Pasma a criança à frente do Universo,
sente o instante em que seguir é tudo,
qual o teu canto, em mundo tão disperso?
Na foz do eco não vale ficar mudo.
O acaso é a dança onde tentar se impõe,
um novo passo é preciso criar,
cada caminho é único, outro não dispõe
da estrada certa pra vida passar.
Cada flor colhida manchará os vales
com cinzas mortas, dispersas no além,
galhos famintos cobertos por xales
em tons diversos chorarão também.
O vento seco que ruge adiante
quer a vereda, a canção e o verso,
haverá sinais, estrela brilhante
pra indicar na terra o destino certo?
Cada resposta não será pra todos,
importa mais se ousei e vivi,
finca no topo o teu mastro de fogo
e grita ao mundo: eu estive aqui!
Basilina Pereira
2 comentários:
os perigos de ousar são sempre compensadores, Basilina. Belo poema.
O Grito,sem dúvida, é o que eu mais me identifiquei,você é artesã das palavras....... amei
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