UM DIA QUALQUER
Quantos tropeços nossos pés suportam...
Um dia qualquer perguntarão
por que existem as pedras no caminho
e por que na frente não vão foice e ancinho,
tornando a caminhada mais leve?
Quanto peso nossos ombros suportam...
Um dia qualquer sentirão
os reflexos e o fardo das horas
vertidas no cântaro de muitas demoras,
que o deserto remoto converte em sede.
Quantas coisas nos fogem das mãos...
Um dia qualquer buscarão
a âncora para prender os sonhos
numa felicidade lícita, sem sobressaltos medonhos,
querendo apenas ouvir a Traviata de Verdi.
Quanta amargura nosso coração consente...
Um dia qualquer abrirá as comportas
e expulsará as lamúrias pendentes e tortas
porque sua dor chegou ao limite
e a vida pede mais que um corpo na rede.
Quanto coisa ainda se enxerga pelo avesso...
Um dia qualquer quero reinventar a roda,
fazer o amor entrar de novo na moda
porque é tão mais fácil alimentar o bem,
num dia qualquer e no outro também.
Basilina Pereira
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