SENTINELAS
Banco da praça depois do passeio,
na vertigem da tarde que cai,
sobem as ruas e as avenidas descem
pra ver os amantes, que vão na frente.
Atrás, uma cortina de segredos.
A censura segue por último,
como um velho pastor a velar
por ovelhas indefesas
que, em bando, buscam miragem
em sua cálida inocência.
O roteiro é mutante,
inútil disfarce pra quem baila
na volúpia do primeiro amor,
sentimentos instáveis,
ardentes...receios? nenhum
o anseio é constante, a magia, real:
os encontros furtivos,olhos nos olhos
querendo mais...
Os dedos se tocam em arrepio,
é o tempo que desmaia.
Foram muitas as testemunhas
que velaram esses encontros: esquinas,
portas, varandas e janelas,
que até hoje permanecem mudas,
como sentinelas.
Basilina Pereira