ABISMO NO OLHAR
Ainda hoje me lembro da expressão ferida,
relâmpagos numa favela esquecida,
numa noite sem defesa.
Quem poderia vislumbrar?
Acaso ou descaso?
Uma cascata de lama engoliu barracos
e os inocentes em seu sono.
Silêncio esmagado...
e a chuva, cobrindo os olhos alagados
de uma mãe que chegara atrasada
e, atônita, incrédula,
não sabia o que fazer
daquele abismo no olhar.
Basilina Pereira
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