ROTEIRO
Meu roteiro é este instante.
A nuvem de hoje não volta,
mesmo que o vento persista
em sua fúria interior,
só vinga, além do círculo do olhar,
a espessura da escuridão.
Ninguém é completo...
Por isso busco na estrutura do momento
as banalidades que enfeitam o cotidiano
e tento ignorar os deboches, que se disfarçam,
na fantasia das manhãs sem ritmo.
A febre continua a me ofuscar com sua estrela
que tem como cio o ápice da primavera,
aquela sensação inatingível,
que se busca no clímax do silêncio.
Quantos grilhões ainda por quebrar...
O guindaste tem a força do ferro
para vencer a moral que graça nos quintais,
rente aos telhados,
e os dedos têm a sutileza das pontas
a roçar os seios, sem saber onde expandir
(pra dentro ou pra fora?)...
A alma se rende à inquietude:
perguntas sem respostas, anseios que não se mostram...
tudo demasiado humano.
E os passos, na poeira, seguirão em busca do mistério,
tentando driblar aquela ansiedade que destrói o dia
e espera por um novo sol.
Basilina Pereira
Um comentário:
Fessora Basi.... Quantas maravilhas! Na minha incipiência estou tentando captar a intensidade das palavras. Ainda estou sobre o efeito da surpresa. Tenho um longo caminho a percorrer... Abraços e beijos!!!!!!
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