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O QUE TEMPO NÃO LEVA
O relógio da parede
recusa-se a prender a hora.
Em sua trajetória de sonhos,
só faz repetir o
instante:
fragmentos perdidos e
não vividos.
Ah! como esse pêndulo
nos devora!
Leva embora o nosso brilho
e nos devolve opacidade.
Até um traço de azinhavre
deixa escondido entre lembranças
sobrepostas em camadas
que, ao final, é quase nada
ante a voracidade do tempo
que camufla as emoções
e dissipa até a mágoa,
só não... as ideias:
essas permanecem
e renascem numa gota de orvalho.
Basilina Pereira
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