segunda-feira, 26 de maio de 2014


O QUE TEMPO NÃO LEVA
 

O relógio da parede

recusa-se a prender a hora.

Em sua trajetória de sonhos,

 só faz repetir o instante:

fragmentos perdidos  e não vividos.

Ah! como esse  pêndulo nos devora!

Leva embora o nosso brilho

e nos devolve opacidade.

Até um traço de azinhavre

deixa escondido entre lembranças

sobrepostas em camadas

que, ao final, é quase nada

ante a voracidade do tempo

que camufla as emoções

e dissipa até a mágoa,

só não... as ideias:

essas permanecem

e renascem numa gota de orvalho.
 

Basilina Pereira

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