segunda-feira, 12 de maio de 2014

ENTRELINHAS


ENTRELINHAS
 

Há caminhos impossíveis

que só se vê por murmúrios

entre as palavras legíveis

vivem fonemas escuros

 

prenhes que são de mais letras

vindas de outros alfabetos

que buscam  ver nas retretas

a cor do som, em concreto.

 

Há um hiato na parede

um instante, quase nada,

entre a história que é ouvida

e aquela que é contada.

 

 O vento que rouba a folha

espalha cor no jardim

a flauta que toca o não

é a mesma que entoa o sim.

 

Nas entrelinhas da vida

moram mistérios, senões,

pra colher a margarida

há que regar os botões.
 

Basilina Pereira

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