quinta-feira, 15 de maio de 2014

A NAU DO POETA


A NAU DO POETA
 

O poeta é navegante das estrelas

vai destilando sua lágrima pelo abismo

enquanto singra pelo céu sua caravela.

 

Sua rota libertária é a poesia

que, a despeito do verbete e o solecismo,

em volteios ele persegue noite e dia.

 

No seu íntimo os anseios vêm em série

da coleira querem fuga para o verso:

único barco que não teme as intempéries.

 

Lá, muito além, deve haver mais segurança

entre as vogais e consoantes do universo

mas ao poeta o que não conta é a bonança.

 

E assim: cônscio do que achou e que perdeu,

conduz a nau em abstrato pelos ares

sem entender o que busca o outro eu.

 
Basilina Pereira

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