O AMARGO DA LÍNGUA
A tarde me recebe sonolenta,
cinzenta, até parece uma nuvem descontente.
Rabisco cicatrizes em forma de poemas,
emblemas iguais àqueles tantos
cujo encanto
ficaram pendurados nas manhãs de sol.
Arrebol. Mas onde foram parar os versos
- diversos - que me lembravam sons de harpa?
Escarpas também escondem letras,
palavras,
que degolam sentimentos,
momentos naufragados na memória,
que não tem cor,
mas comporta-se como real camaleão
e, à-toa mesmo, traz de volta
o amargo da língua.
Basilina Pereira
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