O VULTO
Um vulto na paisagem
e a montanha bem ao longe
rebate a poeira da estrada.
A planície já sumiu com o verde
e o riacho, pobre de peixes, tem que reinventar
o fluxo da vida.
Sob o azul disfarçado de nuvens
o engarrafamento dos sonhos,
numa leva de espinhos
que se debate entre a fumaça
do próprio sangue.
Já não há janelas brancas
e as chaminés vomitam pedras conformadas
no colo do asfalto.
Mais à frente é noite
e não adianta
ir atrás das borboletas.
Basilina Pereira