A VOLTA
Aprendi com as primaveras a me deixar cortar
e voltar sempre inteira. Cecília Meireles
Não me deixo cortar por vontade,
a lâmina que fere por dentro
é sorrateira e camuflada.
Sob um rosto ilegível
esconde-se a dimensão do logro:
olhar quente, entregue pela
metade.
O sumo que escorre feito sombra
mascara a exatidão do corte,
age como se minha sina
fosse bailar à luz de um sorriso,
mesmo na mais plena escuridão.
Não! Não é!
Mas depois das lágrimas e uma
chave sem porta,
o vento varrerá os telhados
com toda a força da primavera
e eu voltarei (...) na metáfora
de um poema.
Basilina Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário