domingo, 17 de setembro de 2017

DO PERDÃO

DO PERDÃO

Deixar sangrar a raiva,
até esvaziar o ego.
Depois, cobrir o sonho que vagueia,
à espreita,
como se o verbo tivesse caído do ninho.
O chamado da vida quer eclodir,
como a primavera em campo sem mágoa.
Cada verso do poema é uma seta de duas pontas:
uma voa descascando a palavra
que um dia reverberou fora do tom,
outra volta, renascida,
com asas de borboletas.

Basilina Pereira


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