quarta-feira, 20 de setembro de 2017

SER POETA

SER POETA
Ser poeta é ter fome, é ter sede de infinito. Florbela Spanca

Ser poeta é ser solo de drenagem,
um ser que veste a sombra para confiscar a luz
que brota, ardente, nos veios da madrugada,
em sonhos malversados feito rajadas de frio.
 Ser poeta é doer mais do que se pode
aguentar, sem um gemido o desamor,
a ausência que lampeja a todo instante,
no vazio que se faz maior que o mundo.
Ser poeta, muitas vezes, é andar só
pelas horas do instante absoluto,
é ter fome de um amor preso na lenda
e sede, muita sede, junto ao rio.

Basilina Pereira


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