segunda-feira, 23 de junho de 2014

CAMUFLAGEM


CAMUFLAGEM
 

De tantos que fui, já me perdi.

Só um pária imunizado pelas erratas da vida

permanece nesse vulto chamuscado de mistério

que caminha a esmo, no ritmo da brisa.

Sem surpresa, foge do carbono de si mesmo,

aparando as arestas das palavras

que se escondem no vínculo do papel.

Silêncio branco!

É importante refazer o voo,

aprisionar o tempo de alegria...

Quem sabe um resíduo

de uma felicidade inusitada

vivida num outro tempo.

Volto ao espelho: mudo!

Nem sinal do espírito das chamas

que ousou desafiar as espadas lascivas,

a chicotear o tempo e o medo.

Quantos ainda serei?

Por minhas mãos líquidas escorre o enigma

de todas as vidas camufladas numa só.
 
Basilina Pereira

2 comentários:

Unknown disse...

Basilina,
Vim matar a saudade que sufocava!!
Vou com a alma cheia de poesia.

Deixo um grande beijo ternurento
Clau Assi

Basilina disse...

Obrigada, querida. Muito mesmo. Adoro quando você vem. Abração.