sábado, 28 de junho de 2014

VAGAMUNDO


VAGAMUNDO
 

Um rosto vago se alimenta

da multidão.

Anônimo,

segue seu ritmo,

como quem não tem pressa

de chegar.

Suas vontades confundem-se

entre um pedaço de conversa,

um perfume quase doce

um beijo atrapalhado.

No lodo da rua,

sua imperceptível presença derrapa,

apanha um olhar indiferente,

percebe o sorriso do mendigo,

seu gesto súplice,

aceita a mofa, dispensa o toque.

Em suas veias pulsam a noite e a solidão,

ele é só um vagamundo

que perdeu o porto

e a identidade,

mas não a lucidez,

esta sobrevive. em seu olhar.
 

Basilina Pereira

 

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