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SONETO DA ESPERA
Voo no tempo que não vai nem volta
preso na tarde desses sonhos meus,
sei que a alvorada está para o poente
como os meus dias procurando os teus.
Se permaneço nesse céu sem cores
é pelos timbres que a memória guarda,
num vale longe onde mora o nunca
talvez o sempre
prepare a vanguarda.
Assim meus olhos colhem na janela
o canto aflito da ave ferida
pra transformar, quiçá, em aquarela.
E mesmo ali sob nuvens errantes
as horas dormem qual lua esquecida
e eu pesco estrelas qual fossem diamantes.
Basilina Pereira
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