domingo, 27 de julho de 2014

MUROS DE CINZA


MUROS DE CINZA 

Eram altos, pontiagudos,

prontos a devorar meus sonhos.

Eram densos, grises,

moldados pela incerteza.

E eu ali: na inocência das horas,

sendo bebida gota a gota pelo dia que não amanhece.

Ventos vorazes, como lâminas,

a rasgar-me a carne

e risos gaiatos a sinalizar o declínio da chama.

Presa apenas a um fio de esperança, pergunto:

onde ficaram meus pés?

 

Basilina Pereira

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