domingo, 27 de abril de 2014

segunda-feira, 21 de abril de 2014

ARREBATAMENTOS


ARREBATAMENTOS
 

O calor da tarde reverbera,

quimeras à luz do dia,

seria um aviso?

Preciso entender.

 

Ser ou não ser...o  meu próprio ser

que, em redemoinho,

sozinho, é todo um vendaval de emoções,

violões que desafinam em dó maior,

suor de seios,

entremeios, prelúdios de uma canção.

Sentimentos arfantes,

ofegantes desejos,

arpejos que afagam os contornos de então,

mãos molhadas de saudade.

Eternidade, podes ser a hora perdida

e a vida, o que restou da paixão.

 

Basilina Pereira

domingo, 20 de abril de 2014

LEGADO II


LEGADO II
 

Nenhum arrependimento,

muitos tropeços,

quilômetros de sonhos pontilhando cada momento,

esperança de todas as cores

e muita alegria pendurada no  varal.
 

Basilina Pereira

sexta-feira, 18 de abril de 2014

VIDA


VIDA
 

A vida. Um grito perplexo,

quase feliz,

no escuro frio de um corredor.

A vida é mais que um coração pulsando,

mais que um corpo,

que um sobressalto,

um desejo adormecido,

submisso...

Pode até ser fluida

e dissolver-se em estranho cortejo,

mas é no lume do seu fio

que ela brota líquida, veloz,

vibra em tortuosos labirintos,

e se reinventa,

abrindo uma clareira no mistério.

 

Basilina Pereira

quarta-feira, 16 de abril de 2014

DESVARIO


DESVARIO
 

Sensação de turbulência!

É como se o plasma da alma

comesse do fruto proibido.

Alquimia profunda: o outro lado do êxtase,

orgia quebrantada no direito de errar.

Há um lapso de tempo

entre a perda da inocência

e o outro lado,

que é puro desvario.

Beber o momento é inerente,

assim como adiar é fugir,

é recusar aquela gota de tempo

em que a porta se fecha e o instante é único.

E não adianta furtar-se à vida:

esse invólucro cheio de desafios.

 

Basilina Pereira

sábado, 12 de abril de 2014


AS SEMENTES

 

Não há nenhum espaço vazio,

mas a inquietação ronda,

esgueira-se,

em busca de execrar o tédio.

Aquele mesmo:

inexpressivo e tenebroso,

feito das caliças da alma

e que aparece no meio da noite.

Um poema pelo avesso,

uma resposta vazia

que veio antes da pergunta.

Ter tudo e querer mais

é o mais prosaico dos anseios

que espera remissão.

Entre o riso e o pranto – o pesar

pelas sementes que não germinaram.

 

Basilina Pereira

terça-feira, 8 de abril de 2014

SEM ENREDO


SEM ENREDO

 

Plantei minha história no vácuo,

deixei-a suspensa no ar,

pensei numa forma inédita

pra ela não desabar.

 

Veio a tarde e seu mormaço

levou minha história no vento

e seus olhinhos já mudos

viraram só pensamentos.

 

E foi pensando...pensando...

em tudo que há além do  olhar,

talvez um poema de amor...

e comecei a rabiscar.

 

Mas primeiro quis palavras

histórias sem elas não há,

depois veio o ritual

e o resto se cumprirá

 

desde que haja noite, lua,

 estrelas no céu a brilhar,

e um poeta apaixonado

com muitos versos pra rimar.

 

Basilina Pereira

segunda-feira, 7 de abril de 2014

domingo, 6 de abril de 2014

OÁSIS


OÁSIS

 

Lembrando aquele vulto,

hoje apenas uma sombra remota,

pergunto-me: em que deserto eu me perdi

e permiti que aquele amor subisse ao ápice?

E foi um sentimento sem retorno,

vastidão... areia

e uma alma prenhe de dor.

_ Seria melhor não ter sentido e não saber?

.................................

Um lampejo resiste ao tempo.

Penso que há algumas coisas que transcendem...

 

Basilina Pereira

 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

CINEMA PARADISO


CINEMA PARADISO

 

De onde vem esse acorde tão sutil

que encampa o arco-íris,

faz os pés flutuarem sobre nuvens

e o coração desprender-se

de sua rota habitual?

 

Não consigo abraçar as notas

que se beijam num compasso sideral,

mas sinto vibrações  de cristais macios

e sigo...adentro...entrego-me.

Sou borboleta em dia de sol.

 

Viajo entre risos e lágrimas

envolta pela harmonia suave da música.

Um anjo sonoro encontrou a chave

e abriu todas as comportas

do tempo que esteava a emoção.

 

Basilina Pereira

 

terça-feira, 1 de abril de 2014

FUNDO FALSO


FUNDO FALSO

 

O homem inventou a solidão.

Cada um em seu mundo

conduz o passo

de olho no pé

em pé

sobre areia movediça.

E não há como salvar-se

enquanto o egoísmo sedimentar o seu reduto

e o medo rondar as vielas estreitas.

A vida que olha de fora pra dentro

é uma vida inventada,

onde o grito camuflado

cativa o silêncio dos ventos

num lance de pura sedução.

E o sentimento morre numa cava de ilusões

soterrado pelo fundo falso.

 

Basilina Pereira