Não sei de que feito o meu
coração,
se de alegrias inventadas
ou de tristezas indefinidas.
Acho que ninguém até hoje
quis explorá-lo,
assim: como quem escava uma
jazida
em busca da pedra dos
sonhos.
Pode ser que o cascalho
seja tanto,
que suplante o fim do dia
e o escuro que molda as
relações humanas
engula a alvorada do poema.
Meus olhos são duas bocas
famintas de amor.
Ao chorar pelo canto dos
lábios,
envio mensagens de
urgência, pedidos de socorro,
cartas postadas antes e
depois da lágrima
em busca de um
destinatário.
O passo seguinte é sempre
um vácuo,
cravejado de perguntas
esquecidas
ou, por outra, perdidas
entre tantos mistérios
que dá medo traduzir
Pode ser que ninguém
entenda,
ou não queira esticar os
olhos até onde os fragmentos se tocam:
um lugar de encontros e
despedidas.
Basilina Pereira
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