terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
APREENSÃO
APREENSÃO
A maré não está pra peixe.
Nem para os grandes
nem para os miúdos.
Ondas desonestas assolam as praias
e corrompem as areias: todas,
até as mais puras e isentas.
Os banhistas já nem se surpreendem
com os avisos de perigo, nem com as ameaças
que trovejam entre as folhas dos coqueiros
e nas manchetes dos jornais.
Isso me preocupa. E agride a minha poesia.
Porque é preciso ter medo. E não se acostumar.
Basilina Pereira
domingo, 19 de fevereiro de 2017
POEMA PARA DOMINGO
Pegar as letras descansadas
e plantar na brisa da manhã,
adubar com o canto dos pássaros
na primeira hora do dia,
quando o sol ainda é um poema veludado.
Pode ser que nasçam palavras divertidas,
ávidas por se agruparem em versos:
daqueles que fazem repicar os sinos
e despertem os guardiães da alegria.
Basilina Pereira
sábado, 18 de fevereiro de 2017
FRASCOS DE SOL
FRASCOS
DE SOL
A
felicidade não está à venda nas prateleiras da tarde,
nem
pode ser encontrada no espaço, na retina das estrelas.
Se
o caminho ejeta espinhos e a lua anuncia silêncio e breu,
há
de haver outro trajeto, um lugar no tempo,
com
frascos de sol guardados em ninho de memória
e
um jardim possível de ser contemplado a dois.
A
partir da semente: princípio, causa e motivo,
pode
a vontade abrir a luz com os dentes
e
extrair do oásis que cada um guarda em si
os
fios de alegria que tecem e sustentam a vida.
Basilina
Pereira
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017
O ESPELHO QUEBRADO
O ESPELHO
QUEBRADO
A imagem
refletida no espelho quebrado
vai ser
sempre contorcida
e mensageira
do impacto
que rasgou a
carne de dentro pra fora.
O sentimento
ferido se debate
entre a
palavra que voa revestida de dor
e a que
atende ao chamado do verso
que, mesmo
sem bússola, enxuga a lágrima
e arranha a
face qual fora espinho.
Basilina
Pereira
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017
FAGULHA
FAGULHA
Uma força irrompe
como o fogo do ventre da terra
e se instala no fundo do olhar,
no ventre da boca,
entre o gesto involuntário
e o esboço da palavra ceifada
antes do som.
Difícil domar essa fagulha
que ora parece sensível ao apelo
do perdão,
mas logo se retrai, exacerbada,
centelha intrínseca de memória
crua,
incrustada a ferro nas veias do
sentimento.
E a vida se debate entre a adaga
(que esfola a carne)
e o gume (que lasca por dentro).
Uma linha tênue assinala esse
limite,
refém do tempo e seus prodígios:
há troncos que se recompõem
na sutileza do abraço entre a
casca e a raiz;
outros, porém, continuam à espera
de que a seiva
não se perca em nenhum atalho.
Basilina Pereira
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
SILÊNCIOS
Silêncios
são retratos das palavras
que
morreram antes de nascer,
ausências
guardadas no escuro
para
não serem sentidas
entre
as vozes que desenham arcos
e
simulam melodias vestidas de seresta.
O
seu eco também fala
e
reverbera nos trilhos de dentro,
(tão
fundo)
que
quase se chega a morrer de falta.
E
quando se rompem,
tudo
o que se quer é uma avalanche de sons
capazes
de suprir e compensar,
mas
nem sempre é possível!
Nem
sempre...
Basilina Pereira
terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
ORAÇÃO PARA QUALQUER HORA
ORAÇÃO PARA QUALQUER HORA
Senhor da vida e do amor,
se eu dormir com a luz acesa, apaga-a, por favor.
Pode ser que eu esteja com medo
e precise da Tua mão bondosa para afastar os meus
monstros,
mesmo que eles só existam em minha imaginação.
Se eu acordar descrente,
acaricia-me com Teu olhar
para que a Tua verdade seja a estrela
que acenderá minha fé
quando as águas se mostrarem líquidas demais
para suportar o meu peso.
Se eu fraquejar na subida ou na descida,
fala comigo, lembra-me que estás a meu lado
dentro e fora da tempestade.
E se ainda assim eu precisar de um pai ou de um
amigo,
fica comigo mais um pouco, leva-me no colo
como Tu fazias quando eu era o início
e me ensina ser: palavra que enleva,
confiança diante da pedra
e a voz que fala com Deus por meio da poesia.
Basilina Pereira
domingo, 5 de fevereiro de 2017
O ABRAÇO DA NOITE
O ABRAÇO DA NOITE
Ao
abraçarmos a noite,
recolhemos
seus passos
e
os penduramos no varal dos sonhos.
Lá,
a brisa é o carinho que transforma o cansaço em sono
e
o canto dos grilos, a melodia que acalenta a solidão.
Nenhum
lugar é ermo se a esperança ainda respira sob o chão
e
qualquer tempo é propício para regar o amor
e
fazer brotar o perdão.
Basilina
Pereira
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
A COR DAS PALAVRAS
A
COR DAS PALAVRAS
É
preciso um pouco de cor nas palavras.
Azul,
talvez,
com
mesclas de ternura e silêncio
para
que o verbo se reconheça pleno
no
vale descampado da eloquência.
É
preciso embalar as palavras,
com
esperança,
e
cuidar para que nenhuma sombra
venha
empanar o seu brilho
quando
elas partirem
para
desvendar os segredos da emoção
que
brotam de um toque ou de olhar.
É
preciso cuidado com as palavras,
para
que seu conteúdo
não
desvirtue a finalidade das coisas
nem
seja o espinho
que
arranha as páginas de dentro.
Basilina
Pereira
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