ATRAÇÃO
Minha relação com as palavras
sempre foi de eterno querer:
uma atração meio ousada e avessa,
de desafio secreto e maroto.
Elas me instigam com sua apoteose de sentidos,
confundem-me quando mais preciso ser clara
e se escondem, por vezes,
no branco absoluto da memória.
Mas aí, eu as amo ainda mais:
quero-as o tempo todo em minha boca,
em meus silêncios e até na imaginação.
Eu, sem palavras, sou Sansão sem os cabelos,
a rosa sem seu perfume e uma praia sem verão.
Mas quando, num átimo, nos entendemos,
o meu Olimpo se enche de deuses
e, imbuída de seus poderes, eu faço versos
como quem planta seu suor na terra
para ver brotar a exuberância da semente.
Basilina Pereira
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