sábado, 13 de março de 2010
KAMA SUTRA
KAMA SUTRA
O poema é vento ousado
quando o assunto é poesia,
o amor tem que ser versado
seja noite ou seja dia.
Seu compasso busca a lavra,
balança o abraço invertido
e no orgasmo da palavra,
tudo muda de sentido.
Nada pode ser banal:
seu limite é o universo,
vale até rima carnal
nas entrelinhas do verso.
Basilina Pereira
terça-feira, 9 de março de 2010
SÚPLICA
Inspiração,
a ti dirijo-me
toda vez que o sorriso fecha,
a brisa se esconde entre a neblina
e o poema fica travado.
Imploro-te
por um cheiro de guirlandas,
pela cor quente da canela
e por um verso em Ré Menor
que me faça lembrar Beethoven
em sua nona Sinfonia.
Suplico-te:
quando eu for digna desse momento,
que ele seja humilde feito o beija-flor
e grandioso como o entardecer.
Mas que eu esteja lá – em transe –
e nem perceba que a lágrima
às vezes pode ser doce.
Basilina Pereira
Inspiração,
a ti dirijo-me
toda vez que o sorriso fecha,
a brisa se esconde entre a neblina
e o poema fica travado.
Imploro-te
por um cheiro de guirlandas,
pela cor quente da canela
e por um verso em Ré Menor
que me faça lembrar Beethoven
em sua nona Sinfonia.
Suplico-te:
quando eu for digna desse momento,
que ele seja humilde feito o beija-flor
e grandioso como o entardecer.
Mas que eu esteja lá – em transe –
e nem perceba que a lágrima
às vezes pode ser doce.
Basilina Pereira
domingo, 7 de março de 2010
SENSAÇÕES
SENSAÇÕES
Respiro fundo
para ver se alcanço o limite
da sensação que me escapa:
essa incerteza de voz
feito o eco de um grito,
que resvala e volta sem direção.
Confundo-me no ventre da noite:
há palavras que me açoitam
como se de suas asas fossem brotar labaredas
e outras que me acariciam,
sem mais nem menos, apenas para mostrar
que a ausência de luz na face
vai refletir na cor do poema.
Então, busco um sorriso naqueles dias
em que a primavera chegou antes do tempo
e escrevo...mesmo que seja só pra dizer
que há poesia num instante de silêncio.
Basilina Pereira
Respiro fundo
para ver se alcanço o limite
da sensação que me escapa:
essa incerteza de voz
feito o eco de um grito,
que resvala e volta sem direção.
Confundo-me no ventre da noite:
há palavras que me açoitam
como se de suas asas fossem brotar labaredas
e outras que me acariciam,
sem mais nem menos, apenas para mostrar
que a ausência de luz na face
vai refletir na cor do poema.
Então, busco um sorriso naqueles dias
em que a primavera chegou antes do tempo
e escrevo...mesmo que seja só pra dizer
que há poesia num instante de silêncio.
Basilina Pereira
ATAÇÃO
ATRAÇÃO
Minha relação com as palavras
sempre foi de eterno querer:
uma atração meio ousada e avessa,
de desafio secreto e maroto.
Elas me instigam com sua apoteose de sentidos,
confundem-me quando mais preciso ser clara
e se escondem, por vezes,
no branco absoluto da memória.
Mas aí, eu as amo ainda mais:
quero-as o tempo todo em minha boca,
em meus silêncios e até na imaginação.
Eu, sem palavras, sou Sansão sem os cabelos,
a rosa sem seu perfume e uma praia sem verão.
Mas quando, num átimo, nos entendemos,
o meu Olimpo se enche de deuses
e, imbuída de seus poderes, eu faço versos
como quem planta seu suor na terra
para ver brotar a exuberância da semente.
Basilina Pereira
Minha relação com as palavras
sempre foi de eterno querer:
uma atração meio ousada e avessa,
de desafio secreto e maroto.
Elas me instigam com sua apoteose de sentidos,
confundem-me quando mais preciso ser clara
e se escondem, por vezes,
no branco absoluto da memória.
Mas aí, eu as amo ainda mais:
quero-as o tempo todo em minha boca,
em meus silêncios e até na imaginação.
Eu, sem palavras, sou Sansão sem os cabelos,
a rosa sem seu perfume e uma praia sem verão.
Mas quando, num átimo, nos entendemos,
o meu Olimpo se enche de deuses
e, imbuída de seus poderes, eu faço versos
como quem planta seu suor na terra
para ver brotar a exuberância da semente.
Basilina Pereira
quarta-feira, 3 de março de 2010
POSSIBILIDADES
Que minhas portas se abram de mansinho,
Que minhas portas se abram de mansinho,
isentas do sarcasmo e da tristeza,
longe dos ventos que não sejam mensageiros
para que eu possa pressentir a primavera.
Que as janelas descortinem para o vale
onde eu possa vislumbrar o horizonte
e, de carona, seguir a rota do mel
desenhada no contorno dos teus lábios.
Que meus olhos se deleitem com o jardim
e eu colha na quietude das flores
que desabrocham toda noite, entre as estrelas.
Basilina Pereira
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