domingo, 22 de junho de 2008

TRANSCENDÊNCIA

TRANSCENDÊNCIA Senti minhas asas queimando em seu olhar. Aquele fogo derretia minhas sebes e uma luz me ofuscava como flecha envenenada, tingindo a água que passou a verter de meus olhos. Os sons circundantes ecoavam como banalidades e as cores mais pareciam figuras bizarras exalando aromas, numa apoteose litúrgica. E eu, atingida por narcóticos olhares, senti-me, de repente, envolvida em sedas tomada, ora de estranho sensualismo, ora de desejos espiritualizados, como num sonho macerado de glória, sedento do enigma daquele êxtase. Perdi o tempo e a lucidez. Só vi uma orquestra moendo meus sentimentos e um vulcão a fremir em meu peito, volvendo espasmos a voejar em volúpia e brasas. Esfinge, desencanta-me, antes que a tarde enlouqueça de vez e eu comece a dançar sem os pés. Basilina Pereira

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