LAPIDÁRIO
Viver é colocar à prova a
resistência da pele,
evitar o que perfura a
textura mais crua
e enfrentar a fúria dos
ventos,
como quem sabe domar o
vendaval.
E quando a tarde se fizer
calmaria,
retirar a cinza dos olhos,
depois de acariciar o imo
da alma,
feito o poeta que lima o
verso atrás da poesia.
Nem tudo que fere resulta
em cicatriz,
o mesmo fogo que queima,
em mãos hábeis,
transforma, lapida e
aquece.
Basilina
Pereira