segunda-feira, 14 de novembro de 2016

RESPINGOS POÉTICOS

RESPINGOS POÉTICOS

Uma chuva fininha respinga lá fora.
O poema quer molhar-se a todo custo,
sussurra, conjura, esperneia,
tanto faz que não me resta escolha.
Há tanto mais pra fazer, penso!
Mas ele trava a manhã com sua urgência,
faz cócegas em minhas ideias,
embaralhando-as com seus arroubos incorpóreos
e não me deixa saída.
O jeito é interromper a rotina dos pássaros,
colher o vibrato harmonioso do seu canto
e deixar que os versos fluam
na única brecha onde o tempo não importa.


Basilina Pereira

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