sábado, 30 de abril de 2016

FAGULHA



FAGULHA

Hoje, meu desejo é desencantar estrelas,
acender as luzes reais,
quebrar todas as regras
e desembaraçar quantos galhos
embarguem o canto dos pássaros.
Não entendo o obstáculo que se funda
em si mesmo,
a visão imediata e baça,
desfalcada de horizonte
Sinto falta de um além
de uma certeza límpida que nos mostre
como reconhecer a fagulha
que vento nenhum pode apagar.

Basilina Pereira

quinta-feira, 28 de abril de 2016

TROFÉUS.



 
TROFÉUS

Nos pés vestígios de estradas
nas mãos calor de outros dedos
nos ombros o peso dos sonhos
no olhar um quê de pergunta
na face um sorriso criança
na alma sabor de poesia
no vácuo uma canção pra nascer.

Basilina Pereira

segunda-feira, 25 de abril de 2016

MINHA RUA



MINHA RUA

Só tem começo,
ainda não lhe inventaram o fim.
No decorrer do dia
o que mais se ouve
são pássaros
que cantam a harmonia
como se destilassem o som da floresta.
À noite, cães falam com a lua
pra dizer que seu mister
é ser o guardião das estrelas.
Algum veículo desavisado desce a ladeira
em busca do seu retiro,
ou retorna, ciente do equívoco.
Mas o importante mesmo
é que neste beco o meu sono
tem o silêncio por travesseiro.

Basilina Pereira

segunda-feira, 18 de abril de 2016

POR AMOR



POR AMOR

Era só uma ideia
cheia de anseios e divagações,
viajando pelas ondas do verso
e pelos mistérios do sol.
Sua voz bordava meu nome
e o eco que retornava trazia todas as certezas
penduradas num rosário de brumas
a resvalar entre os pelos eriçados do caminho.
Seria amor? Quantas vezes pisamos em falso, caímos,
atrás da flor que desabrocha com cheiro de chuva
e, às vezes, murcha, logo que a noite acorda.
Indecisa, incerta, a flor:
ainda assim motivo maior de todos os encantos.

Basilina Pereira

sexta-feira, 15 de abril de 2016

PRANTO SECO




PRANTO SECO

Um pingo de tinta em forma de lágrima.
Era para ser seco o pranto,
sem massa nem dor. Isento.
Imerso na escuridão do nunca,
feito o olhar dentro da moldura.
A saudade...clara e abstrata lembra o momento da partida
e flutua íntegra na sua posição de asa.
Outros gestos?
Talvez depois, quando se voltar a falar de amor.
          
Basilina Pereira