Se canto minha canção azul,
vão dizer que transmutei: anil e ar.
Mas se piso a pedra quente
e viro brasa:
então sou eu - em carne e veias -
a fera desvairada das alcovas,
que bebe as noites no contorno das estrelas
e faz-se nua para versejar.
Não sabem eles: o maior silêncio
é o que grita nas entranhas
para o poema brotar.
Basilina Pereira