MEU PAI E O MAR
Meu pai não conheceu o mar.
Em sua solidão metódica,
penso que ele sonhava com a imensidão azul
que bailava pra lá e pra cá,
tendo como fundo musical apenas os acordes do vento.
Na luta de cada dia, aqueles olhos serenos
viajavam por distantes paragens
e, em constante solilóquios,
sondavam os limites do horizonte.
Sua maior ação – contemplação.
Noite após noite, mirava as estrelas
que se sobrepunham ao tempo e,
no espelho do céu, admirava as nuvens
em seu bailado indiferente
quando brincavam de fingir imagens
e depois se dissipavam no ar.
Ainda assim meu pai pensava no mar.
Mesmo quando a brisa amena da tarde
dobrava suavemente as folhas do arrozal
seus passos lentos sonhavam com ondas
que, possivelmente, viriam desabrochar na areia.
Entre os veios da memória guardei
muitas histórias de lobisomem,
tantas lições extraídas de sua aritmética
e sua dúvida maior: onde será o fim do mundo?
Será que fica além do mar?
Basilina Pereira
Meu pai não conheceu o mar.
Em sua solidão metódica,
penso que ele sonhava com a imensidão azul
que bailava pra lá e pra cá,
tendo como fundo musical apenas os acordes do vento.
Na luta de cada dia, aqueles olhos serenos
viajavam por distantes paragens
e, em constante solilóquios,
sondavam os limites do horizonte.
Sua maior ação – contemplação.
Noite após noite, mirava as estrelas
que se sobrepunham ao tempo e,
no espelho do céu, admirava as nuvens
em seu bailado indiferente
quando brincavam de fingir imagens
e depois se dissipavam no ar.
Ainda assim meu pai pensava no mar.
Mesmo quando a brisa amena da tarde
dobrava suavemente as folhas do arrozal
seus passos lentos sonhavam com ondas
que, possivelmente, viriam desabrochar na areia.
Entre os veios da memória guardei
muitas histórias de lobisomem,
tantas lições extraídas de sua aritmética
e sua dúvida maior: onde será o fim do mundo?
Será que fica além do mar?
Basilina Pereira
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