sexta-feira, 10 de junho de 2011

SONETO DO ENCONTRO

SONETO DO ENCONTRO

Protejo-me no conforto deste amor,

que me afaga docemente sob a chuva;

suas ondas me acompanham aonde eu for

e me acolhem feito a mão dentro da luva.



Entrego-me às delícias deste encontro

de duas almas que se enxergam nas alturas;

se sou teu verso, tu és meu poema pronto

se és paixão, sou teu enlevo de candura.




E neste encontro que dispensa até palavras,


somos assim: mais que amigos, mais que amantes:

 
um só enredo , ventura que alguém guardava:



uma espécie de semente milagrosa.

E se o silêncio se apossar do meu instante

que eu possa me inspirar na tua rosa.


Basilina Pereira

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A CARTA


A CARTA

Caminho pela vida, coberta de sol.

Este, que ora se mostra, ora se esconde,


atrás do infinito.


Colho palavras e sentimentos,


na esperança de encontrar o acorde certo,


a rima perfeita, a cor que não se esvai


e a chama que alimenta o meu amor.


Este... sinto, deve ter se perdido entre as galáxias


ou estar a minha espera


numa dimensão maior.


Por isso, deixo-lhe uma carta:


escrita por todos so meus sonhos,


com as letras que ainda brilham em meu sorriso,


e toda a poesia que consigo ir deixando onde piso

Protegida do frio e do vento,

pode ser que um dia ela chegue ao seu destino.



Basilina Pereira

segunda-feira, 21 de março de 2011

A VONTADE

A VONTADE
O mesmo passo


que a estrada


é a mesma


onde pisaram


todos os pés


e todas as almas.


O horizonte ainda é


a eterna miragem,


mas a vontade,


esta prevalece


sobre e o medo,


a incerteza


e a pedra dura.
Basilina Pereira


O BORDADO

O BORDADO


Se pudesse bordar minha vida


a tela seria um dia sol


e a tinta viria das palavras.


Com tanto cuidado eu as tomaria


e, no seu melhor sentido,


iria compondo o poema dos meus dias.


Cada verso seria desenhado mansamente


e todos os meus momentos felizes


estariam ali representados.


Os outros também seriam lembrados,


em tons menores, para realçar as alegrias


e, do princípio ao fim,


eu seguiria o som dos versos


e dançaria como se a ponta dos pés


fosse a morada de todas as nota musicais.


Basilina Pereira

A PODA

A PODA


Não se corta impunemente


o galho de uma árvore.


Mesmo a poda,


artifício do interesse e da cobiça,


é algo que castiga, mutila, altera.


O poeta ferido também sangra,


e o seu verso, quando consegue voar,


é letra minguada:


não exibe a leveza de um bailado.


Basilina Pereira

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

GAVETAS


O dia me acorda em preto e branco.


Abro a janela e...lá está: o sol,


com todo aquele dourado atrevido,


convidando-me à vida.


Por onde começar? Tantas gavetas...


algumas cheirando a bolor, sinal dos tempos.


Mas, então, já não é hora do descarte,


enterrar de vez aqueles sons


que surgem no meio da noite?


Mas como, se não há outra música para ouvir?


........................


Será? Às vezes, insistimos tanto em quebrar as pedras


e nos esquecemos de adubar as flores.


Basilina Pereira