O CORTE
O vento da tarde levou todas as minhas palavras.
Vestiu-se de liberdade e, inexorável,
cortou as raízes dos meus versos
que ensaiavam nascer.
Órfã do que dizer,
embrulhei os sentimentos,
mergulhei no sincretismo do crepúsculo
e ousei...
como quem busca o último suspiro da existência.
Mesmo que o silêncio da hora impere,
que a lembrança esteja turva de saudades
e o verbo desconheça o tempo certo...
- o poema sabe de cor –
que a emoção não se pode conter.
Basilina Pereira
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