segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

UM ROSTO


UM ROSTO

No compasso dos seus passos


os meus passos seguem, lassos,


miram a lua - tão longe -


onde a felicidade esconde


o segredo bem maior


que a distância diluída


entre o meu corpo e sua luz.






No compasso dos seus braços


o meu corpo quer o abraço


minha mente quer a estrela


e só se aquieta ao vê-la


cintilando sobre a flor


como uma etapa vencida


feito um rosto frente à cruz.


Basilina Pereira

TABULEIRO VAZIO



TABULEIRO VAZIO


Hoje eu ouvi que o tempo não existe,


que é coisa da imaginação.


Se fôssemos uma árvore, um fóssil,


tudo estaria perfeito:


cada coisa em seu lugar,


não haveria passado nem futuro.


O aqui e agora seria um tabuleiro vazio


à espera...como?


à espera de quê?


se o tempo não passa de invenção dessa categoria de seres


que um dia inventou de pensar?
Basilina Pereira







FATALIDADE


FATALIDADE


Na luz da tarde eu espelho o meu poema.


Quero protegê-lo das rajadas de tristeza


esquecer as perdas


e só tecer versos alegres.


Então me lembro do ciclo da bananeira:


uma vez bordado em frutos é pleno ocaso,


e ninguém se lembra,


ao saborear seu doce fruto,


de que uma vida se fez mel


em pencas douradas de adeus.




Basilina Pereira