BEIJO ASSOPRADO
Inda hoje me lembro...
Nossos vultos pisando sonhos,
falando ao vento na encruzilhada,
olhos perplexos,
frases sem nexo,
que só nós entendíamos com o olhar...
Aquela música assobiada
do filme que não vimos, mas ouvimos falar,
a emoção contida, a vislumbrar dias futuros,
atrás dos muros de nossa ingenuidade.
O contorno da praça ainda pergunta
pelos passos que sumiram nas curvas da vida,
a espera do abraço,
que nunca veio.
E aqueles silêncios...tão eloqüentes!
Só maculados pelas batidas de nossos corações.
Lembranças rasgadas...estrelas apagadas...
Foi tudo que restou, além de um único beijo – assoprado.
Basilina Pereira
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
A PERGUNTA
A PERGUNTA
De letras mortas
e mal pintadas
junto pedaços
de quase nada.
São marcas vivas,
flama do tempo,
que como espumas
sumiu no vento.
Por mais que sofra
esboço um canto
faço a pergunta
que queima o pranto:
tantos caminhos
por onde andei
por que motivo
não te encontrei?
Penso nos dias
de devaneios,
penso nos meses
- o sol não veio.
Restam os anos,
rugas, espantos,
tantos enganos
só não sei quantos.
A tarde é calma
chama a poesia,
só uma imagem
me desafia...
Basilina Pereira
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