sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

VOO SOLO


VOO SOLO

Como pássaro sem ninho,
percorro a gravidade do silêncio,
sustentando a asa que me resta.
À minha frente,
a terra é palco de todas as vozes
que carregam a seiva da liberdade,
 ainda assim, presa
a raízes entrelaçadas no medo de voar só.
É certo que o tempo descolore os sonhos
que se tornam opacos,
à deriva entre as estrelas.
Sem os reflexos do sol,
tento desdobrar-me em versos,
refém desta desta tênue certeza
que corteja a palavra
e sussurra: a outra asa, se foi verdadeira,
permanece invisível, mas indica a direção.


Basilina Pereira