sábado, 4 de setembro de 2010

AS HORAS


AS HORAS


As horas alimentam-se da compaixão:


COMPAIXÃO


pelos corações que pulsam no ritmo da monotonia;


COMPAIXÃO


por olhares que atravessam o silêncio do jardim,


sem sentir a presença do esplendor que lhes acena;


COMPAIXÃO


dos vultos ocupados, soterrados por paletós e gravatas,


tentando abrir um buraco na tarde


e voar sobre os seus sonhos;


COMPAIXÃO


pelo desejo de fuga dos que marcham sem sair do lugar;


COMPAIXÃO


pelo tempo perdido por quem se esqueceu


da predição da morte;


COMPAIXÃO


...


Basilina Pereira

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