domingo, 23 de maio de 2010
AUSÊNCIA
AUSÊNCIA
Meus passos vacilam
na ausência dos teus.
Querem o seu pernoite
na concha do caminho,
a companhia das pegadas
e aquele som macio, que não precisa de voz
pra dizer que está ali.
É esta ausência que me fará voltar.
Basilina Pereira
HIPÓTESE
HIPÓTESE
Se algum eu deixar de te amar,
canta a nossa música,
desembrulha o sol,
e acende uma vela sob a mangueira
onde nossos sonhos germinaram.
Se algum dia tu deixares de me amar,
queimarei o calendário
pra salvar a ilusão do amanhecer
e me postarei sobre teus pés
para que teus passos me levem na lembrança.
Se algum dia deixarmos de nos amar,
saberei que meu instante se perdeu do teu,
o teu sorriso desgarrou do meu
e a orquestra de sonhos que plantamos
não floriu um concerto final.
Basiina Pereira
domingo, 9 de maio de 2010
A TRAMA
A TRAMA
Em ti deposito o meu silêncio:
aquele que protege o teu olhar
na fissura de cúmplice
que abeira o abismo maior
de uma noite suspensa.
Se piso no teu sono,
é que em teu peito quero me aninhar.
Teu ombro me acende os veios trêmulos
e tira todas as dúvidas do lugar,
pra depois deitar teu cheiro
que se espalha ousado pelo ar.
E um berço de horas rege a trama
que o desejo não quer mais ocultar.
Basilina Pereira
O DORSO DA PALAVRA
O DORSO DA PALAVRA
O dorso da palavra me compele
a desvendar o mistério da tarde.
Aquele espaço que é de tempo,
de brisa
e ninguém sabe quanto vento ainda trará.
Se o ouro que transborda vem dos olhos
que garimpam emoções
ou dos versos que escondem o segredo das cores.
No poente, invento nuances até não ter mais tons
para rimar.
E nos sons que ora se abrem ora se fecham
colho mágoas e alegrias
até o poema se mostrar.
Basilina Pereira
TEMPO CONTRÁRIO
E nossos passos, contrafeitos,
deixam-se ir em direções opostas.
Em nossas lembranças,
chamados latentes
de um tempo contrário
onde um ímã que cintilava em nosso olhar
pulsava em forma de encanto.
Hoje, seguem lentos,
como se o peso do tempo
estivesse amarrado em nossas vestes
e não em nossos corações.
Em pequenos lapsos,
ressurgem pegadas outras
que convergem ávidas
para o toque das mãos,
mas como miragem,
o passado voa
e nós, seguimos a pé.
Basilina Pereira
E nossos passos, contrafeitos,
deixam-se ir em direções opostas.
Em nossas lembranças,
chamados latentes
de um tempo contrário
onde um ímã que cintilava em nosso olhar
pulsava em forma de encanto.
Hoje, seguem lentos,
como se o peso do tempo
estivesse amarrado em nossas vestes
e não em nossos corações.
Em pequenos lapsos,
ressurgem pegadas outras
que convergem ávidas
para o toque das mãos,
mas como miragem,
o passado voa
e nós, seguimos a pé.
Basilina Pereira
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