EXPECTATIVA
Estou totalmente pelo avesso.
Não sei se assim me faço verdade
ou fujo do tempo que não me espera mais.
Penso que às vezes é preciso saltar no escuro
para não dizer depois que estrada passou
e os pés não a seguiram.
Como dói a expectativa do tempo que não vivemos:
há o medo da volta,
o cheiro do mistério,
esse pisar em sensações
tão intensas e incertas...
Quem dera fechar os olhos
e vislumbrar todas as chaves
na sequência que inventamos.
Mas os indícios não revelam
onde a ave irá pousar.
De certo mesmo, só o momento
em que a ousadia consentiu em voar.
Basilina Pereira