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O QUE TEMPO NÃO LEVA
O relógio da parede
recusa-se a prender a hora.
Em sua trajetória de sonhos,
só faz repetir o instante:
fragmentos perdidos e não vividos.
Ah! como esse pêndulo nos devora...
Leva embora o nosso brilho
e nos devolve opacidade,
até um traço de azinhavre
deixa escondido entre lembranças
sobrepostas em camadas
que, ao final, é quase nada
ante a voracidade do tempo
que dissolve o homem,
faz camuflar as emoções
e dissipa a própria mágoa,
só não... as idéias
que permanecem num casulo
e renascem numa gota de orvalho
Basilina Pereira
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